Compartilhar agulha como aconteceu com alunos em escola do ES pode transmitir doenças


Quarenta e quatro alunos de uma escola estadual de Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo, foram encaminhados ao hospital para exames após professor furar dedos dos estudantes durante disciplina. Professor que fez teste com alunos utilizando a mesma agulha vai ser ouvido pela polícia
Doenças virais como HIV e hepatites B e C são as principais enfermidades a que os 44 alunos que compartilharam um objeto perfurante durante aula de Química ficaram expostos e correm risco de desenvolver. O caso aconteceu na última sexta-feira (14) em Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo. A polícia investiga o caso.
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Um vídeo feito por uma estudante mostrou o momento em que uma aluna é furada. Todos os estudantes foram encaminhados ao hospital para fazer exames para diagnosticar possíveis infecções após a atividade prática em sala de aula. Um professor usou um mesmo objeto perfurante de metal para coletar sangue dos alunos. O objetivo era demonstrar como se identifica tipos sanguíneos.
Segundo a infectologista Ana Carolina D’Ettorres, o objeto utilizado na aula deveria ter sido descartado e não reutilizado. Além disso, a manipulação do sangue deveria ser feita com proteção e materiais de higiene corretos.
A infectologista explicou que ao acontecer acidentes como esses, a primeiro passo é fazer o teste para descartar possíveis doenças virais que são transmitidas pelo contato com sangue contaminado, como HIV e hepatites B e C. Essas são as principais compartilhadas por material biológico.
Unidade de Saúde de Laranja da Terra. Espírito Santo.
TV Gazeta
“Quando realizamos o teste rápido e o resultado vem negativo, o paciente precisa ficar em observação por alguns dias e repetir os exames em tempos. Orientamos que seja feito em 30, 90 e 180 dias para ver se houve uma viragem sorológica não detectado em outro exame”, disse Ana Carolina.
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Os estudantes vão fazer acompanhamento pelos próximos meses. Depois disso, ainda vão passar por mais exames para descartar outras possíveis doenças. A especialista detalhou que, dependendo de como a agulha é armazenada, se for utilizada por dias, existe o risco de proliferar bactérias e fungos.
“Uma atitude como essa pode causar uma infecção na pele, na corrente sanguínea, inflamação na membrana que reveste o interior do coração”, explicou a infectologista
A profissional ressaltou que a limpeza da agulha ou do objeto perfurante com álcool não é a maneira correta de descontaminação ou esterilização. Segundo os alunos, o professor furava um estudante, depois limpava o objeto com álcool, e voltava a fazer o procedimento em outro aluno.
Ela também destaca que o descarte dos materiais é outro procedimento a ser seguido com rigor.
“Existem agulhas que são pontudas, que não possuem espaços, mas tem outras que possuem e ali corre o risco de ter uma secreção que o álcool não vai alcançar. A agulha precisa ser descartada”, falou a médica.
A orientação da infectologista é que as pessoas não levem o ferimento na boca, como de costume, isso faz com que aumente a circulação sanguínea e tenha mais chances de infecções. O ideal é que seja lavado em água corrente e sabão. Logo em seguida, a pessoa precisa ir até uma unidade de saúde mais próxima para atendimento médico.
A Secretaria de Educação do Espírito Santo informou que os alunos estão bem e frequentando as aulas. Todos os 44 estudantes foram submetidos a testes rápidos de diagnóstico de infecção, com resultados negativos para todas as doenças testadas.
O professor foi demitido e o contrato dele com a escola foi encerrado. Ele pode responder por exposição ao perigo, segundo a Polícia Civil, que investiga o caso.
O caso foi encaminhado para a corregedoria da Sedu. A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) realizaram uma reunião para definir os protocolos a serem seguidos no caso. Os alunos serão submetidos a novos testes em 30 dias. Além disso, a escola promoveu um encontro com pais e alunos, contando com a presença da Semus, para prestar esclarecimentos.
O nome da escola não será divulgado para preservar a identidade dos alunos, que são menores de idade.
Relembre o caso
Mais de 40 alunos recebem atendimento médico após uso compartilhado de agulha em aula
Mais de quarenta alunos de uma escola estadual de Laranja da Terra foram encaminhados ao hospital para exames para diagnosticar possíveis infecções após uma atividade prática em sala de aula, onde uma mesma agulha foi utilizada para coleta de sangue.
Os alunos pertencem a turmas de 2ª e 3ª séries do Ensino Médio e têm idades entre 16 e 17 anos. O professor de Química responsável pela aula foi demitido. Segundo a secretaria, a atividade foi realizada sem a devida autorização da coordenação pedagógica.
Segundo relatos dos pais, os estudantes contaram que participaram de uma aula de Práticas Experimentais em Ciências, realizada com quatro turmas para demonstrar como descobrir o tipo sanguíneo de cada um.
A Secretaria Municipal de Saúde de Laranja da Terra foi acionada e, diante da demanda, o médico plantonista do hospital e a Vigilância Epidemiológica do município para iniciar o protocolo de testagem, ainda na sexta-feira (14).
Na última segunda-feira (17), foi realizada uma reunião com pais e estudantes da escola, com a presença de representantes da Secretaria Municipal de Saúde. A Sedu informou que, por protocolo, os alunos serão acompanhados pela secretaria e que vão repetir os testes em 30 dias.
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