Desaparecimento de moradora de lar de idosos completa 1 ano: “Tenho que ter esperanças”, diz filha

Uma família de Campo Bom convive com a angústia de não ter contato nem informações do paradeiro de Maria de Fátima Ávila, de 64 anos, há um pouco mais de um ano. Foi no dia 7 de março de 2024 que a idosa teria saído do lar onde residia no bairro Quatro Colônias, em Campo Bom, e, desde então, não foi mais vista.

Maria de Fátima está desaparecida desde 7 de março de 2024 | abc+



Maria de Fátima está desaparecida desde 7 de março de 2024

Foto: Divulgação

Filha da desaparecida, Luciana Medeiros conta que, apesar do tempo, mantém os pertences da mãe guardados. “Enquanto ninguém encontrar nada, tenho que ter esperança”, desabafa.

Sem respostas por precisamente 378 dias, Luciana afirma não acreditar na versão dada pelo asilo na época. Segundo a instituição, a moradora teria saído pelo portão após uma pessoa deixá-lo aberto. Ela lembra que o Corpo de Bombeiro fez buscas por cinco dias nas imediações do lar de idosos e nenhum vestígio foi encontrado.

“Desde que os Bombeiros nos falaram que [Maria de Fátima] não havia cruzado por ali a pé, comecei a desconfiar de que aconteceu, mas eu tinha muita esperança de que eles poderiam estar errados”, recorda. Para a filha da desaparecida há mais de um ano, há detalhes que ainda não foram esclarecidos sobre o paradeiro da mãe. “Se não tem nada de errado, tem que ajudar a encontrar ela”, diz Luciana sobre o lar. De acordo com ela, nesse período, os proprietários nunca procuraram a família nem buscaram saber como está a situação do sumiço.

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Maria de Fátima é diagnosticada com esquizofrenia e demência. Essa última condição foi o motivo pelo qual a família buscou um lar de repouso, pois ela precisava de cuidados constantes. Apesar da situação delicada de saúde, a filha acredita que, em qualquer outra situação, a mãe não ficaria sem dar notícias. “Se ela tivesse saído de lá como foi falado, ela teria procurado nós. De um jeito ou de outro, ela teria procurado”, afirma.

Mistério e contradições 

O caso é cercado de mistério e contradições. No dia em que Maria de Fátima sumiu, Luciana e o irmão foram visitá-la pela manhã. Segundo a enfermeira, a mãe tinha um hematoma no olho e outro na boca. Em um primeiro momento, os responsáveis pelo local disseram que a idosa teria sofrido uma queda e depois mudaram a versão afirmando que a vítima teria sido agredida por outra interna. 

Luciana relata que chegou a conversar com a mãe sobre a suposta agressão, porém, a mesma negou. No mesmo dia, durante a tarde, Maria de Fátima recebeu a visita de outra filha e um neto. Eles afirmaram que ela estava bem. No fim daquele dia, contudo, o desaparecimento foi informado pela clínica.

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Outra contradição, segundo os parentes da desaparecida, é que, inicialmente, os responsáveis relataram que uma das proprietárias teria saído para ir ao médico quando o portão ficou aberto, mas, na sequência, afirmaram que a mulher saiu do estabelecimento para fazer um procedimento estético. A Polícia Civil confirma as contradições.

No entanto, sobre a suposta queda ou briga com outra moradora, não há conclusão, pois não existe nenhuma materialidade, como imagens de câmeras de segurança ou pessoas que presenciaram alguma das situações. Em relação à divergência sobre a saída da proprietária da clínica, a Polícia expôs que os donos disseram apenas que se confundiram. 

A reportagem procurou pelo proprietário do lar, que não respondeu até a publicação. O espaço está aberto para manifestação.

Dias difíceis 

A falta da mãe é sentida em momentos rotineiros de Luciana. Porém, há momentos que são mais difíceis de conviver com a ausência de Maria de Fátima. “Muito mais quando fechou um ano. O pior, sem nada, sem uma resposta certa e sem uma pista. No Natal, no aniversário dela, sempre vou lembrar dela”, lamenta. 

A filha explica que quando a família optou pela internação no lar foi por acreditar que ela estaria amparada e que estavam fazendo a coisa certa. “Não foi desse jeito, me culpo por isso”, desabafa. 

“Hoje, a gente continua a vida. Mas vou continuar lutando, minha mãe sempre soube que eu era assim de não desistir, de não parar. Eu vou lutar”, finaliza Luciana. 

Investigação

O caso é investigado pela Polícia Civil, que na época realizou diversas diligências, incluindo buscas com cães farejadores e oitivas com pessoas envolvidas direta e indiretamente. Com autorização da Justiça, a investigação ainda teve acesso às mensagens de pessoas ligadas ao desaparecimento. Imagens em que ela supostamente teria sido vista também foram analisadas. Contudo, nenhuma evidência foi localizada.

Além disso, a Polícia não encontrou nenhum indício de crime na propriedade do lar de idosos, que fica na área rural do município. O delegado Rodrigo Câmara afirma que as investigações continuam. “No momento, não há novidades, mas continuamos trabalhando para obter respostas”, declara.

Câmara destaca que nenhuma linha de investigação é descartada e que o caso segue sendo tratado como um desaparecimento. “Como não há vestígios dela ou do corpo e não descartamos nenhuma hipótese, existe, sim, a possibilidade de que esteja viva”, pontua o delegado. “Claro, quanto mais o tempo passa e não há notícias dela, mais forte é a possibilidade de que ela não esteja viva”, completa.

Quem tiver informações sobre o paradeiro de Maria de Fátima pode repassar à Polícia Civil, inclusive anonimamente, pelo WhatsApp (51) 98401-3237. 

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