Insucessos diplomáticos colocam em xeque fama de negociador de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, constantemente exalta suas habilidades de negociador, usando seu conglomerado internacional “A Organização Trump” como exemplo de seu sucesso. Apesar de seus esforços como chefe do Executivo dos EUA, no entanto, uma série de insucessos diplomáticos tem colocado em questionamento tal posto.

No cenário internacional, até o momento, as estratégias de negócios trumpistas não tem se mostado efetivas como ele esperava, a exemplo da guerra tributária criada com os seus tarifaços e as negociações de cessar-fogo tanto entre Rússia e Ucrânia quanto entre Israel e Hamas.

Negociações que viraram guerra tributária

Em relação à guerra tributária, o gerente de comércio internacional Leandro Barcelos, explica que “a imposição de tarifas por Donald Trump, embora possa parecer uma estratégia para proteger a indústria doméstica e gerar receita, tem impactos complexos e potencialmente negativos para a economia dos EUA”.

“No curto prazo, as tarifas podem elevar os preços para os consumidores americanos, já que as empresas repassam os custos adicionais. Além disso, as tarifas retaliatórias impostas por outros países podem prejudicar as exportações americanas, afetando setores como agricultura e manufatura. A incerteza gerada por essa guerra comercial também pode impactar negativamente o investimento e o crescimento econômico”, ressalta o analista.

Emanuel Assis, doutorando em Relações Internacionais pelo Instituto San Tiago Dantas, também vê falhas na estratégia trumpista. “Canadá, México, União Europeia e China já anunciaram tarifas altíssimas para os produtos vindos dos EUA”, lembra ele.

A União Europeia, também, aplicou taxas de 50% sobre o uísque norte-americano como resposta às tarifas impostas pelos EUA.

Cessar-fogos falidos

Antes mesmo de assumir o segundo mandato presidencial, Donald Trump, participou ativamente das negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas.

Segundo o ministro da Defesa de Israel, Gideon Saar, os Estados Unidos, especialmente o presidente Donald Trump, tiveram muita relevância nas negociações que levaram ao acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

No entanto, essa negociação se mostrou frágil pois, na madrugada dessa terça-feira (19/3), pelo horário local — noite de segunda-feira (17/3) no Brasil —, as Forças de Defesa de Israel realizaram uma série de ataques contra a Faixa de Gaza, marcando a primeira grande operação militar na região desde o início do cessar-fogo com o grupo Hamas, em janeiro deste ano.

A retomada dos ataques gerou revolta em diversos países, especialmente entre os principais mediadores do cessar-fogo, como o Egito, que rejeitou a “agressão de Israel ”.

Em relação ao cessar-fogo de 30 dias entre Rússia e Ucrânia desenvolvido pela administração Trump, acordo que o presidente dos EUA se empenhou pessoalmente em aprovar, também não houve o resultado esperado, porque apesar da Ucrânia ter aceitado a proposta, o cenário russo não é um dos mais favoráveis.

Após uma chamada de mais de três horas, em que Trump esperava convencer o presidente russo, Vladimir Putin, a aceitar a proposta, o máximo que o republicano obteve foi uma trégua limitada.

Em comunicado, o Kremlin anunciou que “no contexto da iniciativa do presidente dos EUA de introduzir um cessar-fogo de 30 dias, o lado russo delineou uma série de pontos significativos relativos à garantia do controle efetivo sobre um possível cessar-fogo ao longo de toda a linha de contato de combate, a necessidade de interromper a mobilização forçada na Ucrânia e o rearmamento das Forças Armadas Ucranianas”.

O doutorando em Relações Internacionais Tito Lívio Barcellos Pereira, do Instituto San Tiago Dantas, destaca que “os russos não vão se satisfazer apenas com as concessões territoriais. Ou seja, a Ucrânia abdicar dos territórios anexados em 2014 e em 2022: Crimeia e as províncias de Donetsk, Lugansk, Herson e Zapurígia”.

“O motivo principal da guerra não é esse. Não é uma anexação ou um apetite imperial. A questão da Rússia é criar um novo regime de segurança e esse regime de segurança não contempla a Ucrânia na Otan. O problema da Rússia, desde o início da guerra é o ímpeto que o governo ucraniano tem de colocar na sua carta constitucional que a integração a Aliança Militar Euro-Atlântica é um dos seus objetivos de política externa. E isso a Rússia não vai admitir”, conclui Tito Pereira.

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