Pelo menos 91 palestinos morrem em Gaza após Israel abandonar cessar-fogo

GAZA/CAIRO (Reuters) – Pelo menos 91 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos em ataques aéreos israelenses em Gaza na quinta-feira, depois que Israel retomou sua campanha de bombardeios e operações terrestres no enclave, afirmou o Ministério da Saúde de Gaza.

Após dois meses de relativa paz, os moradores de Gaza estavam novamente fugindo para salvar suas vidas depois que Israel efetivamente abandonou um cessar-fogo, lançando uma nova campanha aérea e terrestre.

Aeronaves israelenses lançaram panfletos em bairros residenciais, ordenando que as pessoas saíssem das cidades de Beit Lahiya e Beit Hanoun no norte, do distrito de Shejaia na Cidade de Gaza e das localidades na periferia leste de Khan Younis, no sul.

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“A guerra está de volta, o deslocamento e a morte estão de volta, sobreviveremos a esta rodada?”, disse Samed Sami, de 29 anos, que fugiu de Shejaia para montar uma barraca para sua família em um acampamento em campo aberto.

Um dia após enviar tanques para o centro de Gaza, as Forças Armadas israelenses disseram nesta quinta-feira que começaram a conduzir operações terrestres no norte do enclave, ao longo da rota costeira na área de Beit Lahia.

O grupo militante palestino Hamas, que ainda não havia retaliado durante as primeiras 48 horas do novo ataque israelense, afirmou que seus combatentes dispararam foguetes contra Israel. Os militares israelenses disseram que sirenes soaram no centro do país após projéteis serem lançados de Gaza.

Médicos disseram que os ataques israelenses atingiram várias casas nas áreas norte e sul da Faixa de Gaza. Solicitadas a comentar, as Forças Armadas israelenses disseram que estavam analisando os relatos.

Os militares retomaram seus ataques aéreos em Gaza desde terça-feira e lançaram operações terrestres na quarta-feira, abandonando efetivamente um cessar-fogo com o grupo militante palestino Hamas que vigorava desde janeiro.

Israel afirmou nesta quinta-feira que suas forças estavam engajadas nas últimas 24 horas no que descreveu como uma operação terrestre direcionada para expandir uma zona de proteção que separa as metades norte e sul de Gaza, conhecida como corredor Netzarim.

Israel ordenou que os moradores ficassem longe da estrada de Salahuddin, a principal rota norte-sul, e disse que eles deveriam viajar ao longo da costa.

O primeiro dia de ataques aéreos retomados na terça-feira matou mais de 400 palestinos, um dos dias mais mortais da guerra.

Em um golpe para o Hamas, que tentava reconstruir sua administração em Gaza, os ataques desta semana mataram algumas de suas principais figuras, incluindo o chefe de fato do governo de Gaza, nomeado pelo Hamas, o chefe dos serviços de segurança, seu assessor e o vice-chefe do ministério da justiça, administrado pelo Hamas.

O Hamas está gravemente enfraquecido, mas ainda de pé, embora Israel tenha alertado que o ataque mais recente era apenas o começo.

O grupo militante disse que a operação terrestre israelense e a incursão no corredor Netzarim foram uma “nova e perigosa violação” do acordo de cessar-fogo de dois meses. Em um comunicado, o grupo reafirmou seu compromisso com o acordo de cessar-fogo e pediu aos mediadores que “assumam suas responsabilidades”.

Uma primeira fase temporária do cessar-fogo terminou no início deste mês. O Hamas quer passar para uma segunda fase acordada, na qual Israel seria obrigado a negociar o fim da guerra e a retirada de suas tropas, e os reféns israelenses mantidos em Gaza seriam trocados por prisioneiros palestinos.

Israel ofereceu apenas uma extensão temporária da trégua, cortou todos os suprimentos para Gaza e disse que está reiniciando sua campanha militar para forçar o Hamas a libertar os reféns restantes.

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