Petróleo volátil: quais ações são mais resilientes ao cenário de preços da commodity?

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro

O Goldman Sachs revisou suas estimativas para as empresas de petróleo e gás na América Latina, adotando uma postura mais cautelosa devido à queda de 14% no preço do Brent desde janeiro até a sessão da última terça-feira, enquanto nas duas últimas sessões foram de alta para a commodity.

A análise foca em empresas com baixo custo de extração e ativos de alta qualidade, como Vista (VIST) e PRIO (PRIO3) que, na visão da casa, são menos sensíveis às flutuações dos preços. Petrobras (PETR3/PETR4) também segue como uma escolha favorável, apesar de sua valorização relativamente alta, tornando os ativos um pouco menos atrativos.

O banco acredita que a recente queda nos preços do petróleo está ligada a uma diminuição das preocupações com os riscos de oferta da Rússia e do Irã, à medida que surgem novas negociações políticas. No entanto, a desaceleração econômica nos Estados Unidos e o aumento das tarifas comerciais afetaram as expectativas de crescimento global, levando o Goldman a revisar suas projeções de preços do petróleo para US$ 65 a US$ 80 por barril.

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A Vista se destaca por sua baixa sensibilidade aos preços do Brent, com ativos na região de Vaca Muerta, na Argentina, onde as taxas internas de retorno podem alcançar 50%. No entanto, suas ações e as da YPF (Y2PF34) caíram 13% e 18% este ano, respectivamente, devido à crise econômica na Argentina. A Petrobras, que tem focado na antecipação de pagamentos e redução de riscos, continua sendo uma das grandes petroleiras com bom fluxo de caixa, com uma rentabilidade projetada de 11% em 2025.

Em relação à PRIO, a expectativa é que o avanço do projeto Wahoo, com início da produção de óleo previsto para 2026, impulsione suas ações. O fluxo de caixa livre da empresa deve atingir 17% este ano, podendo chegar a 30% em 2026. A Ecopetrol (E1CO34), por sua vez, teve seus ADRs valorizados em 30%, mas isso, segundo os analistas, está mais ligado a especulações sobre as eleições presidenciais de 2026 do que a uma melhora operacional.

O Goldman Sachs também acompanha empresas como Brava Energia e PetroRecôncavo (RECV3). A Brava enfrenta dificuldades devido ao adiamento da venda de ativos.

Atualização de estimativas

Para a Vista, as revisões se concentraram na atualização das estimativas de produção e nos preços do petróleo. O Goldman Sachs ajustou suas previsões para 2025, com uma redução de 4% na produção projetada, refletindo uma expectativa de maior estabilidade nos volumes no primeiro semestre de 2025, com o crescimento mais concentrado no segundo semestre. O preço-alvo para a ação foi reduzido para US$ 55,90, ante US$ 65,40 anteriormente. As estimativas de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para 2025 e 2026 foram revisadas para baixo em 14% e 7%, respectivamente.

Em relação à PRIO, o banco ajustou suas estimativas com base na queda dos preços do petróleo e nos adiamentos de projetos, como o início da produção de Wahoo, que agora está projetado para o início de 2026. O adiamento do início da próxima campanha de perfuração de Albacora Leste e o declínio maior do que o esperado em Frade também impactaram as projeções de produção.

Como resultado, o Goldman Sachs revisou suas estimativas de produção para 2025 e 2026, com uma redução de 14% e 6%, respectivamente, além de uma revisão do Ebitda para esses anos, com cortes de 26% e 9%, respectivamente. O preço-alvo para a ação PRIO3 foi ajustado para R$ 51,30, de R$ 60,30, e as estimativas para 2027 também foram introduzidas.

Para a Petrobras, as revisões do Goldman Sachs também levaram em conta os preços mais baixos do petróleo e a curva a termo do Brent. O banco ajustou o Ebitda para 2025, 2026 e 2027 em -5%, refletindo as novas condições do mercado e as projeções de preço para o petróleo. O preço-alvo para as ações da Petrobras também foi ajustado, com as metas para as ações PETR3 e PETR4 passando de R$ 40,10 para R$ 36,50, e para as ações internacionais PBR e PBR.A caindo de US$ 14 para US$ 12,70.

Para a Ecopetrol, as revisões consideraram a queda nos preços do petróleo e os resultados do quarto trimestre. O Goldman Sachs revisou suas estimativas de produção média para 2026 em -1%, com um ajuste no Ebitda em dólares de -12% para 2025 e -10% para 2026. O preço-alvo da Ecopetrol foi ligeiramente reduzido, passando de US$ 8,10 para US$ 8,00, enquanto o múltiplo-alvo valor da empresa sobre o Ebitda (Ev/Ebitda) foi ajustado para 3,5x, de 2,9x, alinhando-se com as médias das outras empresas de capital aberto do setor.

Em relação à YPF, o banco também ajustou suas estimativas de produção para 2025 e 2026, com uma leve redução de 2% em cada ano, além de um ajuste no Ebitda consolidado. As margens mais altas no setor de downstream ajudaram a compensar a queda no Ebitda de upstream. O preço-alvo para a YPF foi reduzido de US$ 40,20 para US$ 38,40, e as estimativas para 2027 também foram incorporadas.

Recomendação e preço alvo

A Vista continua sendo uma das preferidas do banco, com uma recomendação de compra e um preço-alvo de US$ 55,90 para os próximos 12 meses. A empresa se beneficia de ativos na Argentina, com alta taxa de retorno em Vaca Muerta, mas os analistas alertam para os riscos, como a queda nos preços do petróleo, custos de extração mais elevados ou intervenção governamental. Apesar disso, a empresa apresenta boa capacidade de gerar fluxo de caixa livre, com uma sensibilidade relativamente baixa às oscilações do preço do Brent.

Para a PRIO, o Goldman mantém uma recomendação de compra, com um preço-alvo de R$ 51,30, baseado no fluxo de caixa descontado. A companhia tem potencial de crescimento com o projeto Wahoo, que deve aumentar sua produção até 2026. Porém, os analistas alertam para riscos como a possível valorização do real, atrasos na conversão de recursos em reservas comerciais e uma execução abaixo do esperado.

A Petrobras também segue com uma recomendação de compra, com preços-alvo de R$ 40,10 para PETR3 e R$ 36,50 para PETR4. O banco projeta uma rentabilidade de 11% para 2025, com base na expectativa de preços do Brent em US$ 70 por barril. Apesar disso, a Petrobras enfrenta riscos associados a preços do petróleo abaixo do esperado e uma possível intervenção governamental, o que pode afetar sua produção e a valorização das suas ações.

Em relação a outras empresas, como a Ecopetrol e a YPF, o Goldman adotou uma postura mais cautelosa. Para a Ecopetrol, a recomendação é neutra, com preço-alvo de COP$ 1.662 para ações locais e US$ 8 para ADRs. O banco aponta incertezas relacionadas à produção e à possível aceleração do declínio das reservas de petróleo. Já para a YPF, também com recomendação neutra, os analistas alertam para os riscos de mudanças nos preços do petróleo e a desvalorização cambial, que podem impactar os resultados da empresa.

A Brava Energia e a PetroRecôncavo também estão sob a observação do Goldman Sachs, com recomendações neutras e preços-alvo de R$ 23,30 e R$ 20,50, respectivamente. A Brava enfrenta dificuldades após o adiamento da venda de ativos, enquanto a PetroRecôncavo está aguardando a divulgação de seu novo relatório de reservas, que pode trazer mais clareza sobre seus planos de produção e investimentos.

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