Vacina contra mpox apresenta 84% de eficácia após uma dose, diz estudo

Uma única dose da vacina Imvanex, também conhecida como Jynneos, mostrou ter 84% de eficácia na proteção contra o vírus da mpox. Os dados foram apresentados em um estudo publicado nessa terça-feira (18/3), na revista The Lancet Infectious Diseases.

No entanto, para pessoas com HIV, a proteção oferecida por uma única dose não foi suficiente. Pesquisadores sugerem a necessidade da aplicação da segunda dose para alcançar a eficácia desejada.

O estudo foi conduzido por pesquisadores do hospital universitário Universitätsmedizin Berlin, na Alemanha, a pedido da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), órgão regulador europeu.

A Imvanex foi desenvolvida originalmente para a varíola, doença causada por um vírus da mesma família da mpox. Desde 2022, quando houve um surto global, a vacina vem sendo utilizada como estratégia de imunização contra a doença.

Estudo acompanhou cerca de 9 mil participantes

Os pesquisadores analisaram, entre julho de 2022 e dezembro de 2023, dados de aproximadamente 9,3 mil participantes — homens e pessoas trans que relataram ter relações sexuais com outros homens ou pessoas trans.

Metade recebeu uma dose do imunizante, enquanto a outra metade não foi vacinada. Durante dois meses, ambos os grupos foram monitorados para avaliar a incidência de infecções. A proteção da vacina foi de 84%, mostrando-se especialmente eficaz em pessoas sem HIV.

“Esse é um número muito bom, que provavelmente é aumentado ainda mais pela segunda dose da vacina”, afirmou Leif Erik Sander, líder do grupo de pesquisa do Instituto de Saúde de Berlim da Charité (BIH), em comunicado.

Em contrapartida, para aqueles que vivem com HIV, a proteção conferida por uma única dose foi significativamente menor. Segundo os pesquisadores, isso ocorre porque a resposta imunológica depende da atuação das células T, que costumam estar em menor quantidade e com funcionamento reduzido em pessoas com HIV. “Essas células não são totalmente funcionais, o que se traduz em uma resposta imunológica mais fraca”, explicou Sander.

Vacinação reduz sintomas e transmissão

Outro achado do estudo foi que os vacinados que contraíram a mpox posteriormente apresentaram quadros mais leves. Eles desenvolveram menos lesões cutâneas, que cicatrizaram mais rapidamente, e tiveram menos sintomas sistêmicos, como febre.

“Presumimos que a segunda vacinação reduz ainda mais a manifestação de tais sintomas. Menos lesões de varíola provavelmente também diminuem o risco de transmissão do vírus. A vacinação completa deve, portanto, afastar surtos de mpox”, destacou Florian Kurth, chefe do Clinical Infection Research Group na Charité e coautor do estudo.

Segurança e disponibilidade da vacina

Os pesquisadores também avaliaram a segurança da vacina, analisando mais de 6,5 mil voluntários. Menos de 3% relataram efeitos colaterais mais intensos, como febre, dor muscular e náusea. “A vacina mpox é, portanto, segura e bem tolerada no geral”, resumiu Kurth.

O coautor do estudo reforçou que a imunidade começa a se desenvolver cerca de 14 dias após a aplicação da vacina e medidas preventivas, como o uso de preservativos, devem continuar sendo adotadas.

A Imvanex, fabricada pela empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, é aplicada em duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas. No Brasil, a vacina foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para públicos prioritários, incluindo pessoas com HIV.

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