CIA: documentos secretos revelam intervenção dos EUA pré-golpe de 1964

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o sigilo de mais de 2 mil documentos sobre a investigação do assassinato de John F. Kennedy, nessa terça-feira (18/3). Os documentos mostram, também, que o governo dos EUA estava bastante atento ao que acontecia na política brasileiro no período que antecedeu a ditadura militar no Brasil.

Um documento ultrassecreto de novembro de 1963 mostra que o então presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Ranieri Mazzilli, teve uma conversa com o embaixador americano Lincoln Gordon, na qual diz estar “profundamente desconfiado” das intenções do então presidente da República, João Goulart, em relação ao futuro do Brasil.

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“Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados e próximo na linha sucessória para a presidência, disse ao embaixador Gordon no sábado que desconfia profundamente das intenções de Goulart”, revela o documento.

O documento foi liberado parcialmente ao público pelo governo americano pela primeira vez em 2018, no entanto, com vários trechos censurados, incluindo a conversa entre Mazzini e o embaixador Gordon.

O diálogo entre o parlamentar brasileiro e o diplomata norte-americano ocorreu seis meses antes do golpe militar, em 31 de março de 1964, que derrubou o governo Goulart. À época, Mazzilli era o primeiro na linha sucessória à Presidência da República.

Essas informações constam na parte de “Checklist de Inteligência do Presidente”. Esta é uma modalidade de boletim ultrassecreto que foi enviado ao então presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, em 26 de novembro de 1963, quatro dias após o assassinato de Kennedy em Dallas, no Texas.

Segundo o arquivo, a CIA alertava que o Brasil vivia um cenário de instabilidade política e poderia passar por um golpe de Estado.

Os norte-americanos temiam que Goulart implementasse uma ditadura comunista no Brasil e buscasse alianças com Cuba e União Soviética. Outros arquivos sugerem que conselheiros norte-americanos pareciam preferir um golpe militar, já que Goulart se recusava a “limpar a casa” para se livrar de comunistas.

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