Grupo de pais denuncia ator e ex-comentarista por estelionato em SP

São Paulo — Um grupo de pais de São Paulo acusa o ator e ex-comentarista esportivo Jorge de Sá por estelionato alegando que foram vítimas de um golpe envolvendo bolsas escolares esportivas para os respectivos filhos em países estrangeiros.

Um dos responsáveis, o advogado Alex Messias Batista Campos, contou ao Metrópoles que conheceu os serviços de assessoria esportiva de Jorge em março do ano passado e entrou em contato para proporcionar a ida do filho aos Estados Unidos para jogar no ensino médio. O ator, que também já trabalhou comentando jogos de basquete em uma emissora de televisão, vende em suas redes sociais pacotes para jovens conseguirem bolsas esportivas em outros países.

O genitor afirmou que assinou um contrato, junto com outros três pais, no valor de U$ 20 mil cada. De acordo com Alex, o contrato apontava que o investimento cobriria um ano de seu filho em uma escola na Flórida, incluindo estadia e alimentação. O embarque seria feito já em agosto de 2024.

Próximo à data, cerca de um mês antes do embarque, o advogado afirmou que o ator entrou em contato dizendo que não haviam mais as três vagas prometidas anteriormente, mas que tinha achado outra escola nos mesmos moldes. Uma das mães dos jovens contemplados foi visitar a unidade de ensino para averiguar a informação e teria percebido que a garantia de Jorge não era verídica, visto que havia uma grande disparidade de estrutura comparando as duas propostas.

Ao notar o problema, Alex afirmou que solicitou o cumprimento do contrato junto ao ator, mantendo a escola escolhida inicialmente. Porém, o agente contou que agora o contrato seria no valor de U$ 40 mil. Um acordo entre os pais e Jorge foi feito e o pacote foi renegociado a U$ 30 mil, com o agente confessando o erro e se propondo a bancar o restante do valor requerido.

O filho de Alex foi para a escola contratada. Dois meses depois, a unidade de ensino enviou e-mails comunicando o atraso nos pagamentos iniciais, dizendo que se o terceiro mês também não fosse pago, a matrícula do aluno seria suspensa, revogando o visto.

Além disso, o diretor da escola afirmou que não reconhecia Jorge com um agente direto no intermédio entre família e aluno, que inclusive o pagamento deveria ser feito diretamente à unidade de ensino, sem a presença de um agente intermediando a ação. O advogado pediu satisfações a Jorge, que alegou algumas complicações, mas que pagaria as dívidas.

O ator pagou, mas segundo pai, somente o montante devedor à escola já custou U$ 20 mil do valor investido inicialmente. Depois desse contato, o pai conta que cobrou Jorge constantemente de outubro até dezembro, mas que “parou de ir atrás e correu atrás dos direitos” Desde então, Alex paga do próprio bolso a manutenção do filho nos Estados Unidos.

O pai denunciou o ator no início de janeiro deste ano. Dois meses depois, no dia 8 de março, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) acionou a Polícia Civil para a instauração de inquéritos policiais individualizados para apuração dos fatos.

De início, o caso de três pais serão averiguados pelas autoridades, mas segundo Alex outros 38 reveleram prejuízos causados por Jorge e um grupo chamado “Jorge de Sá Lesados” já reúne 106 membros.

O Metrópoles procurou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para confirmar o início destas investigações, porém a pasta afirmou que a Polícia Civil não possui nenhuma investigação em andamento envolvendo Jorge de Sá.

Alex contou que deve ser informado sobre a delegacia que investigará seu caso na próxima semana, mas o documento do MPSP já adiantou que as investigações são de responsabilidade de distritos policiais referentes ao domicílio de cada vítima.

Em nota, o ator Jorge de Sá ressalta que ficou surpreso e “muito assustado” com as notícias, já que não tinha conhecimento das investigações.

Confira o texto na íntegra

“Eu trabalho há oito anos com bolsas acadêmicas esportivas, com grande visibilidade nas redes sociais, e me comprometo responsavelmente com isso. Quando vi a matéria, mesmo entendendo que existem vários desafios nesse processo de captação de bolsas, fiquei muito assustado com as inverdades e com essa investigação, que desconhecia. Por isso, estou aqui para esclarecer alguns pontos fundamentais.

Como disse, enquanto empresa, temos mais de oito anos de mercado, com diversas propostas de bolsas de estudo, acesso a instituições por meio de agentes e parceiros, além de contato direto com as instituições. Entretanto, nunca me apresentei como representante oficial de nenhuma instituição, como foi mencionado na matéria. Também foi dito na investigação que os jovens não tiveram acesso às bolsas, o que é uma mentira: eles tiveram acesso!

É importante destacar que esses jovens não pagaram o valor integral da instituição. Eles fazem parte de um programa no qual arcaram com valores consideravelmente mais baixos, em média 50% do valor integral. Com isso, cabia ao DCEI o compromisso de apresentar propostas de bolsas, o que foi feito. Cumprimos nosso objetivo e trouxemos propostas para esses jovens em instituições renomadas no exterior. Portanto, as propostas foram devidamente apresentadas, e honramos nosso compromisso com os responsáveis desses jovens.

Outro apontamento infundado foi feito quando se afirmou que “descobriram” que o valor pago era repassado diretamente para a escola. Isso também não é verdade. Cada escola decide sua forma de atuar e, na maioria dos casos, agências de intercâmbio recebem o valor e o repassam para a escola. Isso é um procedimento comum. Algumas escolas recebem diretamente dos pais, outras não.

Alega-se que é mentira fechar uma proposta fixa, pois isso não ocorre nas escolas. Porém, a proposta fixa é uma responsabilidade nossa como empresa. Nos comprometemos com a família e, a partir disso, buscamos as oportunidades. Jamais afirmei que esse compromisso era firmado com a escola. Ele vem da empresa, e conseguimos, sim, oportunidades – muitas vezes, até melhores do que o esperado.

Outra inverdade mencionada foi que enviei um comprovante de pagamento falso. Isso não é verdade. Tratava-se de valores repassados à empresa, como acontece em diversas agências, e posteriormente transferidos à instituição. No caso específico do valor de US$ 4.500, a transação foi iniciada, o comprovante foi emitido, mas, devido a uma questão documental, o valor retornou. A transação foi então cancelada e refeita logo em seguida, e o pagamento para a escola foi devidamente concluído.

As propostas de bolsas foram apresentadas, executadas e assinadas. No caso específico mencionado na matéria, o valor acordado e repassado para a empresa pelas famílias foi US$ 30.000,00 por aluno, nós executamos o acordo, assinamos, os jovens embarcaram e nós, durante um período, repassamos o total de US$ 22.000,00 às escolas.

Tivemos um atraso no repasse dos US$ 8.000 restantes, devido à famílias que desistiram por conta própria e aos reembolsos. Por isso, procuramos as famílias para um acordo de repasse do valor restante, mas não obtivemos resposta. E para agir de forma correta, nosso jurídico, representado pelo advogado Dr. Silvio Guerra, entrou em contato com cada família para buscar uma solução. Notificamos extrajudicialmente e posteriormente via judicial para deixar clara e fundada nossa intenção em resolver a situação e reembolsar com os valores.

Portanto, com relação às famílias que não responderam, estamos resolvendo a questão judicialmente quanto ao valor restante. A matéria menciona um grupo de mais de 100 pessoas supostamente lesadas. Não tenho conhecimento desse número e me disponho a verificar, pois o que tenho acesso aqui é a um número infinitamente menor de famílias que solicitaram o reembolso por desistência próprias. Dentro do nosso programa, todas as famílias que entregam o material, decidem embarcar e fecham propostas de bolsa, de fato embarcam.

Paralelamente, diversas famílias embarcaram através do Dcei e estão nesse momento se preparando para o processo. Temos jovens e estudantes atletas, meninos e meninas, em diversos esportes e instituições de ensino no exterior, seja High School ou College, desfrutando de um ensino de qualidade e alto rendimento esportivo. Temos a tranquilidade de, no nosso programa, poder dizer que todas as famílias que entregaram a documentação solicitada, que fizeram todos processo e indicaram a data de embarque receberam a proposta de bolsa conforme o compromisso da nossa empresa.

Temos vídeos, fotos, comprovantes e histórias de vida transformadas em 8 anos de trabalho. Seguimos atuando normalmente, com diversos embarques feitos na temporada de Fevereiro e embarque já garantidos para Agosto e estou totalmente à disposição, juntamente com o meu advogado, Dr. Silvio Guerra, para esclarecer qualquer situação que seja necessária”.

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