Precisamos tirar a pressão da Amazônia, diz executiva do BID em evento em Miami

A Amazônia, com sua vastidão territorial e diversidade social, econômica e ambiental, desafia qualquer tentativa de soluções homogêneas. Mas a bioeconomia (sistema econômico baseado na utilização sustentável de recursos biológicos) tem ganhado cada vez mais destaque como alternativa para preservar a região, garantindo ao mesmo tempo desenvolvimento econômico e proteção ambiental.

Tatiana Schor, chefe da Unidade Amazônia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), contou um pouco sobre o trabalho da entidade na região, focado em bioeconomia e desenvolvimento sustentável, no evento Brazil: Macroeconomic Stability, Climate Change and Social Progress, realizado nesta sexta-feira (21) na Universidade de Miami. O encontro foi patrocinado pela XP.

“O grande desafio tem sido tirar a pressão da floresta. Isso significa criar diferentes mecanismos para viabilizar a bioeconomia, e para isso precisamos facilitar o acesso ao crédito e atrair investimentos de qualidade para a Amazônia”, disse Tatiana.

Ela contou que a organização tem atuado em parceria com bancos de desenvolvimento locais, como Banco da Amazônia e Banco do Brasil, para tornar o crédito mais acessível a negócios sustentáveis na região. Além disso, vem liderando uma coalizão verde de bancos regionais de desenvolvimento, buscando padronizar melhores práticas de financiamento para a Amazônia.

Um dos exemplos de inovação financeira promovidos pelo BID é o debt-for-nature swap (troca de dívida por natureza, na tradução para o português), um mecanismo que permite que dívidas governamentais sejam convertidas em investimentos ambientais. O primeiro acordo desse tipo na região amazônica ocorreu no Equador, dentro da iniciativa Amazon Forever.

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A iniciativa na Amazônia, segundo a especialista, é estruturada em cinco pilares principais: fomento à bioeconomia e à economia criativa; combate ao desmatamento e fortalecimento institucional; investimento em educação e saúde; infraestrutura resiliente e conectividade; e agricultura sustentável e regeneração florestal.

Investimentos e parcerias

Durante sua fala, a especialista enfatizou a necessidade de reduzir os riscos associados ao investimento na Amazônia, a fim de atrair capital privado e promover o desenvolvimento sustentável. “Se não começarmos a reduzir os riscos, será muito difícil atrair investimentos de qualidade para a região”, disse. Isso inclui o fortalecimento das instituições locais e a capacitação de prefeitos e governos subnacionais.

Outro ponto mencionado é o combate às atividades ilegais, como mineração de ouro e narcotráfico, que atraem jovens para mercados violentos e insustentáveis. Ela destacou a importância de políticas públicas e capacitação para oferecer alternativas econômicas legais e sustentáveis.

A participação ativa das comunidades amazônicas também tem sido indispensável na estratégia, segundo Tatiana. Povos indígenas, quilombolas, afrodescendentes e ribeirinhos são peças-chave na preservação da floresta e na construção de um modelo econômico que respeite a biodiversidade e as tradições locais, falou ela.

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