Análise: BYD quer ser como a Fiat no Brasil, enquanto GWM se espelha em Honda e Toyota

GWM e BYD fazem parte de uma nova onda de marcas chinesas, que chegaram depois da invasão protagonizada por Chery, Lifan e JAC. Apostando em híbridos e elétricos, a dupla tomou o posto de destaque e passou a ditar as regras por aqui. Mas, depois de alguns anos de mercado, é possível ver que elas atuam de maneira muito diferente.

Ficou nítido que, com o tempo, a BYD busca ser como a Fiat. Já a GWM tem uma atuação mais parecida com a de Toyota e Honda. Mas que elementos compõem essa visão de mercado? E o que BYD e GWM têm de diferente em seus modus operandis para haver tanta discrepância? É isso que vamos analisar hoje.

BYD é como a Fiat

Com pretensões de dominar o mundo, a BYD busca volume a todo custo. É por isso que, modelos que mal foram lançados na China, quase que prontamente vem ao Brasil. O portfólio também é bem grande, contanto até com modelos redundantes. Hoje, a BYD tem 11 carros diferentes à venda no Brasil.

frente BYD Song Premium
BYD Song Premium [Auto+ / João Brigato]

O portfólio é composto pelos híbridos Song Plus, Song Pro, King e Shark, além dos elétricos Dolphin Mini, Dolphin, Yuan Pro, Yuan Plus, Seal, Tan e Han. E no radar, a marca tem para lançar no Brasil o Sealion e o Seal híbrido ainda em 2025. A Fiat, que é a marca que mais vende carros no nosso país, tem apenas um carro a mais que a BYD, totalizando 12.

Além disso, a BYD tem feito uma estratégia fortíssima com suas concessionárias. Diversos pontos de revenda são abertos todos os meses e até alguns com proximidade física. Isso ajuda a dar a percepção de que a marca está fincada no Brasil e cria uma sensação de mais segurança ao consumidor, que tem mais locais para fazer reparos.

BYD Dolphin GS preto de frente no meio de uma rua
BYD Dolphin GS [Auto+ / João Brigato]

Isso também explica como o volume de vendas da marca cresceu fortemente nos últimos anos. Em 2024, a BYD fechou com 76.811 carros vendidos, um salto de 328% nas vendas em relação aos 17.937 emplacamentos de 2023. E a chinesa pretende mais, tanto que vai começar a produzir carros no país usando a antiga fábrica da Ford em Camaçari. Bahia.

O revés dessa estratégia de alto volume e velocidade é que a BYD não adapta seus carros para o Brasil. Os testes são mais rápidos para validação e um acerto mais sutil. Mas os modelos vêm com acerto igual ao chines. Isso faz com que modelos como o Dolphin Mini sejam criticados pela suspensão extremamente molenga.

GWM quer ser a Honda e a Toyota dos chineses

GWM Haval H6 PHEV [Auto+ / Rafael Déa]

Ao contrário da BYD que busca volume no Brasil para construir sua fama, a GWM opera como Honda e Toyota. Ela é muito mais lenta e cautelosa nas decisões, tanto que só tem dois carros no portfólio até hoje e está prestes a lançar o terceiro, que está em testes há mais de um ano.

Hoje a GWM atua com a linha Haval H6 e com o elétrico Ora 03, ambos com volumes de vendas inferiores aos rivais diretos da BYD, mas ainda assim com presença sólida no mercado. Ambos passaram por alterações e acertos bem específicos no Brasil, sendo o Haval H6 anda mais presente.

GWM Ora 03 Skin [Auto+ / João Brigato]
GWM Ora 03 Skin [Auto+ / João Brigato]

O modelo brasileiro tem frisos em preto brilhante e logotipo reduzido que não são oferecidos na China. Além disso, o SUV médio recebeu uma recalibração total de suspensão e direção para o nosso mercado, além de conjunto híbrido plug-in 4×4 que não era oferecido em outros mercados. Ou seja, a GWM altera todos os seus carros fortemente para o Brasil.

Com isso, ela quer construir uma fama com os clientes, apostando fortíssimo no pós-venda e no contato com os clientes diretos. Há uma plataforma digital em que o feedback de clientes é coletado e a marca conversa diretamente com eles. É uma construção de imagem tal qual a feita por Honda e Toyota.

GWM Haval H6 HEV [Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

O revés é que existem menos carros da GWM nas ruas e bem menos concessionárias em relação à BYD. A dona do Ora 03 e do Haval H6 emplacou 29.219 carros em 2024, perdendo para marcas como Ford, Citroën e Ram. Ainda assim, registrou um forte crescimento em relação a 2023, onde emplacou 11.479 carros.

Você acha que qual das marcas chinesas tem uma estratégia mais forte no Brasil? BYD ou GWM? Conte nos comentários.


O post Análise: BYD quer ser como a Fiat no Brasil, enquanto GWM se espelha em Honda e Toyota apareceu primeiro em Auto+ TV.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.