China tem falta de demanda interna e sente pressão da inflação global, diz economista

Em recente episódio do programa Stock Pickers, Arthur Carvalho, economista-chefe da Truxt Investimentos, foi entrevistado por Lucas Collazo e Henrique Esteter. Durante a conversa, ele discutiu os desafios estruturais enfrentados pela China, destacando a falta de demanda interna e as dificuldades causadas por um mercado externo pressionado pela inflação mundial.

Ele abordou o papel do governo chinês, que tem subsidiado agressivamente o desenvolvimento tecnológico das empresas locais. Carvalho destacou que essa estratégia vai além da inovação e tem o objetivo de consolidar a posição da China no cenário global, não apenas fomentar o crescimento econômico.

Setor imobiliário

No entanto, o economista alertou sobre um problema crítico que pode afetar a continuidade da inovação no país: a falta de demanda interna. “Embora a China esteja avançando na corrida pela inovação, o grande desafio está dentro de suas fronteiras, onde a demanda não é suficiente para sustentar esse ritmo”, disse.

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Carvalho também discutiu os impactos da crise no setor imobiliário chinês, que afeta grande parte da população. Muitas pessoas têm suas economias atreladas ao valor dos imóveis, mas não sabem ao certo quanto esses ativos valem. “Esse cenário de incerteza acaba refletindo diretamente na inflação, que está em níveis extremamente baixos, com uma taxa de apenas 0,2% ao ano, devido à ausência de consumo interno”, ressalta.

Desemprego

Outro aspecto crítico abordado foi o desemprego entre os jovens. Carvalho destacou que a China vive uma realidade de excesso de engenheiros e profissionais altamente qualificados, uma consequência do modelo de política de filho único, que levou muitos jovens à universidade.

Porém, hoje, o mercado de trabalho está saturado, o que dificulta a absorção desses profissionais. Além disso, ele mencionou a sobra de capacidade de produção nas indústrias chinesas, que não consegue ser absorvida devido à falta de consumo interno, criando um cenário de estagnação.

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Para lidar com a deflação e a falta de demanda, a China tem adotado uma nova estratégia de limitar a capacidade de produção das indústrias. Carvalho explicou que, em vez de atacar o problema estrutural da falta de consumo, a China está reduzindo a oferta na tentativa de gerar inflação, mas isso não resolve o verdadeiro problema, que é a escassez de demanda.

Embora Carvalho tenha reconhecido algumas melhorias no curto prazo, com investimentos em indústrias contemporâneas trazendo resultados positivos, ele foi enfático ao apontar que o maior desafio da China: “O cenário estrutural da China é alarmante. No curto prazo, os investimentos podem trazer algum alívio, mas, a longo prazo, o país precisa resolver o problema da falta de consumo para garantir um crescimento sustentável”.

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