“Sensação de ser livre”: Mais de mil pessoas com deficiência participam de evento de aventura no Vale do Paranhana

O cadeirante Evandir Rocha, 47 anos, não hesitou ao descrever a emoção de participar da descida de rafting, uma das inúmeras atividades realizadas durante o Camping Acessível, evento destinado a pessoas com deficiência ou limitações intelectuais, realizado desde 2019 em Três Coroas.

Mais de 240 pessoas com algum tipo de deficiência realizaram rafting durante o Camping Acessível  | abc+



Mais de 240 pessoas com algum tipo de deficiência realizaram rafting durante o Camping Acessível

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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O morador de Novo Hamburgo destacou o impacto dessa vivência em sua vida. “É uma sensação de ser livre, de ter um convívio diferente, de ter qualidade de vida, se sentir mais alegre e mudar um pouco a trajetória do que vive um cadeirante. É uma aventura e tanto, é maravilhoso”, descreveu.

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Rocha foi um dos mais de mil participantes da sexta edição do evento, realizada neste sábado (22), no Raft Adventure Park. Promovido pela Associação das Pessoas com Deficiência, Amigos e Familiares (APDAF), com apoio da prefeitura, o Camping Acessível superou todas as expectativas, lotando o espaço e proporcionando um dia de diversão e adrenalina para participantes de diversas cidades do Rio Grande do Sul e até de outros estados.

O cadeirante Evandir Rocha, de Novo Hamburgo, descreveu a sensação de poder fazer rafting no Camping Acessível  | abc+



O cadeirante Evandir Rocha, de Novo Hamburgo, descreveu a sensação de poder fazer rafting no Camping Acessível

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Maior descida de rafting acessível do Brasil

Entre as atividades mais procuradas, o rafting se destacou novamente. Foram mais de 240 inscritos, que desceram as corredeiras do Rio Paranhana em 35 botes. “A marca representa um recorde e consolida a ação como a maior descida de rafting para pessoas com deficiência do Brasil”, destacou o vice-presidente da APDAF, Gabriel Feiten.

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Além do rafting, os participantes puderam experimentar trilhas ecológicas adaptadas, pedalar em handbikes, praticar arco e flecha, jogar bocha paralímpica e até tomar banho de rio com cadeiras anfíbias. Uma novidade foi a tirolesa virtual, experiência proporcionada por uma equipe especializada que simula a sensação da atividade real.

Feiten recorda que a ideia do Camping Acessível nasceu em 2016, a partir de uma provocação da APDAF às empresas de turismo de aventura de Três Coroas. “Eu sou tetraplégico. O que eu posso fazer aqui?”, questionou Gabriel na época.

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Sem resposta imediata, a ideia foi amadurecendo até a primeira edição do evento, em 2019, que reuniu 150 participantes, entre pessoas com deficiência, voluntários e equipe de apoio. Desde então, o crescimento foi exponencial. “Já na segunda edição, o número dobrou. A gente viu que não tinha como parar. Era algo que seria cada vez maior e mais bonito. A pandemia nos forçou uma pausa, mas voltamos ainda mais fortes”, recorda.

Adrenalina misturada com emoção

A emoção de vivenciar um esporte de aventura pela primeira vez marcou diversos participantes. Foi o caso de Antônia Mattos da Silva, moradora de Porto Alegre, que é deficiente visual e teve sua primeira experiência pedalando uma bicicleta. “A sensação é de liberdade, emocionante. É a primeira vez que piloto uma bicicleta. É muito legal”, comemorou, enquanto tentava se concentrar nas orientações do instrutor-guia. Além do ciclismo adaptado, Antônia também realizou um sonho pessoal ao descer as corredeiras no rafting.

Antônia Mattos da Silva andou de bicicleta pela primeira vez na vida | abc+



Antônia Mattos da Silva andou de bicicleta pela primeira vez na vida

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Outro momento marcante foi a descida de tirolesa do adolescente Muriel Ellwanger dos Santos, de 12 anos, diagnosticado com autismo. Sua mãe, Michele Ellwanger dos Santos, descreveu a experiência como um marco na vida da família. “Eu não imaginava que ele iria. Cada conquista dele é uma vitória nossa. Sempre digo isso. O que aconteceu hoje é algo muito grandioso”, declarou Michele.

Um evento que transforma vidas: “É tão fácil adaptar uma atividade”

O impacto do Camping Acessível vai além de um dia de diversão. Para Gabriel Feiten, ver o evento crescer e mudar vidas é motivo de orgulho. Ele conta que, até os 21 anos, não tinha deficiência, mas ficou tetraplégico após um acidente de trânsito voltando da faculdade. “Sempre tive incentivo para ir atrás das minhas loucuras. E pensei: por que só eu? Por que não compartilhar isso com todo mundo? É tão fácil adaptar uma atividade”, afirma.

Gabriel Feiten é o vice-presidente da Associação das Pessoas com Deficiência, Amigos e Familiares (APDAF) | abc+



Gabriel Feiten é o vice-presidente da Associação das Pessoas com Deficiência, Amigos e Familiares (APDAF)

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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O resultado dessas “loucuras” é o Camping Acessível de hoje. “Ao longo dos anos, já tivemos mais de mil pessoas fazendo rafting aqui, e eu sei que muitas delas nunca teriam essa oportunidade. Isso não tem preço”, comemora Feiten.

Primeiro Fórum Nacional de Turismo Acessível coloca Três Coroas como referência

A sexta edição do Camping Acessível teve um marco especial: a realização do primeiro Fórum Nacional de Turismo Acessível e Esporte de Aventura, na sexta-feira (21). O evento reuniu especialistas e personalidades do setor para discutir avanços e desafios na inclusão no turismo e no esporte.

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“Tivemos palestrantes de alto gabarito, como Fernando Fernandes, que será o próximo âncora do Esporte Espetacular. Foi um momento essencial para construir um diálogo, mostrar a importância desse trabalho e transformar a prática em teoria”, explicou Feiten

O Fórum contou com participantes de diferentes estados, como Goiás, Paraná e Santa Catarina, reforçando a relevância do evento para o cenário nacional.

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