Dólar em alta, Ibovespa em queda e investidores cautelosos com cenário internacional

Ibovespa fecha em queda com mercado aguardando o Copom

Nesta segunda-feira, 24 de março de 2025, o mercado financeiro brasileiro operou com viés de cautela, acompanhando os desdobramentos tanto no cenário doméstico quanto externo. O Ibovespa fechou o dia em leve queda de 0,20%, aos 132 mil pontos, enquanto o dólar subiu para R$ 5,73, refletindo o aumento das incertezas globais, especialmente em relação à política comercial dos Estados Unidos.

“Hoje é aquele típico dia que o mercado está meio chatinho, com correções técnicas e olho nos riscos. Subiu no boato, caiu no fato. E o investidor precisa entender que esse movimento é normal”, comentou Felipe Sant Anna, especialista em investimentos da Stardesk, no programa Flash News da BMC News.


Câmbio e exterior: atenção ao cenário global

O dólar apresentou valorização leve frente ao real, impactado pelo temor de novas tarifas comerciais que o presidente norte-americano Donald Trump pode anunciar já no início de abril. Enquanto isso, os futuros de Nova York operaram em alta, e as bolsas europeias permaneceram estáveis, em meio a tensões geopolíticas e negociações envolvendo Estados Unidos, Rússia e Egito.

“O investidor precisa ficar atento ao possível início das tarifas multilaterais dos EUA. Isso pode gerar bastante volatilidade nos próximos dias”, alertou Sant Anna.


Ibovespa em ajuste técnico

A leve queda do Ibovespa foi interpretada pelo mercado como um movimento de correção, após semanas de valorização. A expectativa em torno da ata do Copom, que será divulgada nos próximos dias, também gerou certa hesitação entre os investidores. A dúvida sobre o ritmo futuro de cortes na taxa Selic mantém a curva de juros pressionada.

“A ata do Copom é fundamental essa semana. Precisamos entender qual será a nova magnitude dos cortes: 0,50? 0,75? Isso vai ditar o rumo da nossa bolsa”, destacou o especialista da Stardesk.


Boletim Focus: melhora tímida nas projeções

O novo Boletim Focus trouxe uma leve redução na expectativa de inflação para 2025, passando de 5,66% para 5,65%. Já a projeção do PIB caiu de 1,99% para 1,98%.

Apesar da repercussão positiva em parte da mídia, Felipe Sant Anna foi direto:

“Sinceramente? Achei o Boletim Focus uma tremenda casca de banana. Uma melhora de 0,0 nada. Copia, mas não faz igual, só pra dizer que teve alguma coisa. E em 2026 as previsões já pioram de novo.”


Destaques corporativos do dia

JBS (JBSS3): A companhia protocolou o pedido de dupla listagem de ações no Brasil e nos EUA. Apesar do avanço no processo, as ações caíram no pregão, em movimento de realização de lucros.

“JBS já vinha subindo forte nos últimos dias. É o clássico ‘sobe no boato, cai no fato’. Mas a dupla listagem é um passo estratégico que pode liberar acesso a muito mais capital no mercado internacional”, avaliou Sant Anna.

Azul (AZUL4): A companhia aérea estuda uma nova oferta primária de ações (OPA), no valor de até R$ 1 bilhão, como parte de sua reestruturação financeira. O papel caiu cerca de 1% no dia, com o mercado precificando a possível diluição dos acionistas atuais.

“A notícia não é negativa em si, mas o mercado penaliza. Mais ações em circulação significam menor valor proporcional por ação. É uma reação normal”, explicou o analista.

Engie Brasil (EGIE3): Anunciou a compra das usinas hidrelétricas Santo Antônio do Jari e Cachoeira Caldeirão, localizadas no Amapá e Pará, por quase R$ 3 bilhões.

“É uma boa aquisição, mas o setor de geração ainda depende muito de regulação. Eu prefiro empresas de transmissão, que têm receitas mais estáveis”, afirmou Felipe.


No radar do investidor nesta semana:

  • Divulgação da ata do Copom – essencial para calibrar as apostas sobre os próximos cortes na Selic;
  • Cenário internacional – com foco nas tarifas comerciais dos EUA e tensões geopolíticas;
  • Resultados corporativos e movimentações estratégicas, especialmente no setor aéreo e de energia.

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