Metrô de SP mantém 112 servidores com supersalários de até R$ 58 mil

São Paulo — O Metrô de São Paulo, empresa pública ligada ao governo paulista, mantém 112 servidores com supersalários que chegam a R$ 58 mil.

Os funcionários da estatal ganham acima do teto salarial em São Paulo, que é o salário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de R$ 34.572,89.

A estatal havia parado de pagar salários superiores ao do governador no ano passado, mas neste ano voltou a ultrapassar esse limite por ter mudado seu status de dependente para independente.

As empresas independentes não recebem aportes financeiros do governo para pagar gastos com pessoal ou custeio e, por isso, podem pagar salários acima do teto. O Metrô, porém, segue recebendo valores do governo para sua expansão e modernização.

Salário maior que o do presidente

A maior remuneração encontrada pela reportagem no mês de fevereiro foi para o cargo de especialista 1, de R$ 58.029. Para se ter uma ideia, esse valor é superior ao salário do presidente da companhia, Antonio Julio Castiglioni Neto, de R$ 32,9 mil.

Os dados estão no portal da transparência do governo estadual, que permite a busca por nomes.

Os valores acima do teto incluem cargos de especialistas, assessores técnicos, diretores, chefes de departamento e gerentes. Os altos vencimentos em geral são pagos a funcionários antigos, que têm gratificação por tempo de serviço incorporada à remuneração.

Se os 112 salários fossem abatidos pelo teto, a companhia economizaria R$ 1 milhão por mês.

Isso acontece, por exemplo, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que, diferentemente do Metrô, tem o status de empresa dependente. Um gerente que tem salário de R$ 43 mil, por exemplo, tem um redutor salarial que faz com que o valor chegue ao máximo permitido.

No Departamento de Águas e Esgotos (DAEE), a reportagem encontrou salários que superam os R$ 200 mil, porém, os valores recebidos são abaixo do piso.

De acordo com o governo, os casos em que os pagamentos mensais estão acima do teto incluem cumprimentos de decisões judiciais e casos de vantagens que não integram remuneração para fins de abate teto, como abono de permanência, adicional de transporte, ajuda de custo para alimentação, licença-prêmio em pecúnia e salário-família.

O que diz o Metrô

O Metrô afirma que avançou em sua reestruturação administrativa para aumentar a eficiência e otimizar recursos. “A empresa reativou o Plano de Demissão Incentivada (PDI) e recentemente reduziu em 29% o quadro aprovado de empregados, além de extinguir em 21% os cargos em comissão e de livre provimento, cortando também em 33,7% a quantidade de funcionários não concursados”, afirmou a companhia.

A empresa afirma não receber subsídios do estado e que voltou a não depender do Tesouro estadual, além de seguir a “CLT, com sua política salarial, aprovada por órgãos estaduais, que consideram também gratificação por tempo de serviço”.

“As medidas reforçam a política de austeridade da companhia, que não recebe subsídios para operação e tem seu custeio ajustado à realidade financeira, sem impactar na satisfação do passageiro, que atingiu o maior índice em 22 anos, com 76% de aprovação”, diz a empresa.

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