Tarcísio diz respeitar STF, mas está com Bolsonaro “até debaixo d’água”

São Paulo — O atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), garantiu manter relações institucionais com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com a Presidência da República, mesmo apoiando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “até debaixo d’água”.

A declaração foi feita em entrevista ao podcast Inteligência LTDA, durante a noite desta segunda-feira (24/3), em que os dois políticos discutiram a legitimidade das denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e os rumos para as eleições de 2026.

“No interesse do estado de São Paulo, a minha relação com o STF é institucional, a minha relação com a Presidência da República é institucional. Eu estou defendendo o interesse de São Paulo e o meu candidato também é Jair Messias Bolsonaro”, disse o governador.

“Eu não sou candidato, não quero nada disso, não tenho essa ambição e vou ser sempre leal e fiel ao presidente. Vou estar com ele até debaixo d’água”, completou Tarcísio.

Após as declarações, o governador foi aplaudido pelo ex-presidente, pelo apresentador do programa e pela equipe que estava no estúdio.

Eleições 2026

Tarcísio afirmou que os dois vão, juntos, pensar em 2026. “Não é justo tirar o Bolsonaro da disputa”, disse.

Segundo ele, não há dúvidas de que Bolsonaro conquiste o próximo pleito, levando votos até mesmo de eleitores de Lula, que estariam “desencantados”.

“Não tem passagem de bastão nenhuma”, disse Tarcísio afastando a hipótese de ser candidato à presidência em 2026. “Eu vou ser candidato à reeleição em São Paulo”.

STF decidirá se Bolsonaro é réu

A entrevista ao Inteligência LTDA ocorre na véspera do julgamento do STF que decide se Bolsonaro será réu no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado.

Até a próxima quarta-feira (26/3), os ministros da Primeira Turma da Corte se debruçarão sobre a denúncia apresentada pela PGR em um julgamento que pode tornar Bolsonaro e mais sete aliados réus por uma suposta trama golpista para anular as eleições de 2022.

Os crimes imputados ao ex-presidente e aos outros denunciados são:

  1. organização criminosa armada;
  2. tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
    golpe de Estado;
  3. dano contra o patrimônio da União; e
  4. deterioração de patrimônio tombado.

Após ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, liberar o processo e solicitar sua inclusão em pauta para julgamento presencial, o ministro Cristiano Zanin designou três sessões para a apreciação da denúncia contra o chamado Núcleo 1 de acusados. Duas nesta terça, às 9h30 e às 14h, e a terceira nesta quarta, às 9h30.

O chamado Núcleo 1 do processo sobre a trama golpista inclui:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Almir Garnier Santos; ex-comandante da Marinha do Brasil;
  • Anderson Torres; ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
  • General Augusto Heleno; ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência;
  • Mauro Cid; ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

Na Primeira Turma, os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino vão analisar se aceitam ou não as acusações contra o Núcleo 1, é considerado como “central” da possível organização criminosa.

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