Advogado de Braga Netto diz que Cid mentiu em delação

Responsável pela defesa do general Walter Braga Netto no inquérito do golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado José Luiz Mendes de Oliveira Lima acusou o tenente-coronel Mauro Cid de mentir no acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF). Lima afirmou que Braga Netto não teve participação no suposto plano para a tomada do poder em 2022 e que Cid apresentou na delação um vídeo “sem relação” com as manifestações em frente aos quartéis do Exército, ocorridas após a eleição de Lula.

“Braga Netto não teve qualquer participação ou relação com os fatos de 8 de janeiro [de 2023]. O colaborador Cid, que mente e mente muito, apresentou um vídeo naquela oportunidade para tentar vincular o general Braga Netto aos manifestantes nos quartéis. Esse vídeo era de outra coisa. Era de um encontro no Palácio da Alvorada com seis pessoas. Não tinha nenhuma relação com as manifestações nos quartéis. Isso ficou evidente. Depois, até a própria denúncia fez esse reparo”, disse o advogado do coronel.

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Advogado de Braga Netto, José Luiz Mendes de Oliveira Lima pediu anulação da delação de Mauro Cid

STF analisa se aceita denúncia contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe
Advogado diz que General Braga Netto não teve participação no suposto plano de golpe de Estado em 2022
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Advogado de Braga Netto diz que Mauro Cid mentiu em delação premiada

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Advogado diz que General Braga Netto não teve participação no suposto plano de golpe de Estado em 2022

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Na sustentação oral no plenário do STF, Lima pediu a anulação da delação de Cid e apresentou quatro razões pelas quais o acordo do militar com a PF não deveria “ficar de pé”. “A colaboração premiada do coronel Mauro Cid não pode permanecer válida. Essa delação não diz a verdade. Ela tem que ser anulada por quatro motivos. O primeiro é que foi um acordo celebrado entre a polícia e o colaborador sem anuência do Ministério Público. A PGR [Procuradoria Geral da República] foi contrária à celebração desse acordo, mas o eminente relator [ministro Alexandre de Moraes] entendeu que era caso de homologar este acordo”, pontuou o advogado.

“O segundo motivo é a falta de voluntariedade. Neste caso, não houve voluntariedade. E quem disse isso? O próprio delator. Ele afirmou que foi coagido pela Polícia Federal. Isso está nos autos”, afirmou Lima, citando conversas vazadas entre Mauro Cid e pessoas conhecidas. O advogado destacou ainda que, na maioria dos depoimentos do tenente-coronel, Braga Netto não chegou a ser citado, mesmo tendo supostamente sido responsável pelo financiamento do plano de golpe de Estado.

“O terceiro motivo: ele é mentiroso. Perdão pela expressão, mas é a realidade. Ele prestou nove depoimentos e não mencionou absolutamente nada sobre o general Braga Netto. Quando estava com o risco de perder o seu acordo, aí sim ele falou de um detalhe: o financiamento do plano. Quer dizer que ele prestou nove depoimentos e esqueceu de falar um detalhe que me parece fundamental, que é a entrega do dinheiro. E ele esqueceu de falar? Por que esqueceu? Porque ele é mentiroso. Ele mente”, acusou.

O advogado de Braga Netto questionou ainda a participação do ministro Alexandre de Moraes na audiência com Mauro Cid, onde ocorreu a celebração do acordo de delação. “A defesa entende que cabe ao Poder Judiciário, nessa questão, apenas analisar a regularidade e a voluntariedade. Entende a defesa que não é o caso de o Poder Judiciário se manifestar de forma mais efetiva”, avaliou.

Denúncia

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta terça-feira (25/3) se aceita ou não a denúncia da PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados, entre eles Braga Netto, em ação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente da Turma no STF, ministro Cristiano Zanin, reservou três sessões para a análise — duas marcadas para começarem às 9h30 e às 14h desta terça, 25 de março; e uma sessão extraordinária para as 9h30 de 26 de março. A análise definirá se os integrantes do chamado Núcleo 1 da denúncia da PGR, fatiada em cinco partes, devem se tornar réus.

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