Copom diz que “incerteza” sobre tarifaço impacta preços e inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avaliou que o ambiente externo “permanece desafiador”, devido à conjuntura e à política econômica dos Estados Unidos (EUA). É o que diz ata da última reunião do Copom, realizada entre 18 e 19 de março e divulgada nesta terça-feira (25/3).

Segundo o colegiado do BC, a situação do ambiente externo piorou principalmente pela “incerteza” acerca da política comercial dos norte-americanos e dos efeitos de tais medidas, como o “tarifaço”.

“Esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA] e acerca do ritmo de crescimento nos demais países”, destacou em ata.

Para o Copom, “há um concomitante aumento da incerteza e deterioração do cenário de crescimento global” em relação ao verificado na reunião anterior. O comitê frisou que “a incerteza sobre a implementação das tarifas também tem impacto sobre expectativas, determinação de preços e inflação”. E, dessa forma, parte dessa deterioração do cenário externo “já começa a se materializar”.


Entenda a situação dos juros no Brasil

  • A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
  • Ao aumentar os juros, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país.
  • Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para consumidores e produtores. A inflação dos alimentos tem sido a pedra no sapato do presidente Lula (PT).
  • São esperadas novas altas nos juros ainda no primeiro trimestre, com taxa Selic próxima a 15% ao ano.
  • Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) e do mandato de Galípolo à frente do BC.

No texto, o BC ainda afirmou que o tarifaço e outras medidas dos EUA podem “impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”, como o Brasil.

“Além das incertezas inerentes à conjuntura econômica, há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, abrangência e intensidade da elevação das tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”, destacou o BC.

Por fim, o comitê disse que focará “nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo”. Em razão da incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos, o BC avaliou que seja necessário tomar “maior cautela na condução da política monetária doméstica”.

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