“Minha filha foi assassinada”, diz mãe de moradora de Novo Hamburgo morta na Índia

O sonho de casar e constituir família pode ter causado a morte da moradora de Novo Hamburgo Katchucia Drielle Moesch Flores, 29 anos. Ela morreu em um suposto acidente de trânsito na Índia, no último domingo (23), horas antes de embarcar rumo ao Brasil. A causa da morte, porém, é contestada pela família da design de sobrancelhas. “Não foi acidente. Minha filha caiu num golpe e foi assassinada”, exclama Rejane Moesch, mãe da brasileira.

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Moradora de Novo Hamburgo há 16 anos, a vítima se relacionava com Navjot Singh pela internet desde 2023. O pretendente a atraiu com promessas de realizar todos os seu sonhos de formar uma família e ainda foi além. “Ele a manipulou desde o início, falava tudo que precisasse para influenciá-la e disse que a levaria para conhecer o mundo”, lembra a mãe.

“Desde o começo nós avisamos que era furada, para ela não acreditar em tudo que ele dizia, mas ela não nos ouvia mais”, acrescenta uma das irmãs de Katchucia, Jessika Bianca Moesch Flores.

Navjot Singh e Katchucia Drielle Moesch Flores  | abc+



Navjot Singh e Katchucia Drielle Moesch Flores

Foto: Arquivo pessoal

Apaixonada e confiante de que tinha encontrado o amor do outro lado do mundo, Katchucia fez um esforço financeiro para ir à Índia conhecer Navjot. O objetivo era encontrar pessoalmente o indiano e voltar ao Brasil três meses depois, mas tudo mudou quando ela chegou.

“A Katchucia nos contou que ele passou a ficar violento. Agredia ela constantemente. A mantinha presa dentro de casa, sempre vigiada por ele ou por um de seus familiares. Ele quebrou o celular dela e ficamos um bom tempo sem notícias. Minha filha sofreu muito na mão dele”, relata a mãe.

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Planos de migrar para o Canadá

A irmã da vítima acredita que tudo não passou de um golpe premeditado pelo indiano. Ela afirma que Navjot tinha o interesse de migrar para o Canadá, onde já tinha uma pessoa o esperando.

Contudo, estaria com dificuldades para conseguir visto de entrada na América do Norte, e viu na brasileira a ponte para executar seu plano de viagem. “Ela foi obrigada a se casar com ele. Minha irmã foi para lá ficar três meses e conhecê-lo melhor, mas ele prendeu minha irmã lá e só a liberou depois de seis meses, quando casaram”, acrescenta Jessika. “Katchucia nunca deixou nós acionarmos a embaixada do Brasil ou pedir outro tipo de ajuda. Como o marido a ameaçava, ela tinha medo de morrer caso acionássemos as autoridades.”

Dificuldades para acessar o corpo

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Katchucia era passageira em um veículo que colidiu com um caminhão na noite de domingo (23), no horário local – domingo pela manhã, no horário de Brasília. Os outros dois ocupantes do automóvel – o marido indiano da vítima e o condutor do automóvel – só tiveram ferimentos leves. A brasileira fazia o deslocamento de aproximadamente seis horas entre a cidade de Rajpura, onde era mantida pelo marido, até Amristar, local que fica o aeroporto que a traria de volta ao Brasil.

“Agora não temos certeza nem do local onde o corpo está. O marido está dizendo que vai cremar. Estamos desesperadas e sem saber a quem recorrer. Aceitamos qualquer tipo de ajuda para trazer nossa Katchucia de volta e podermos nos despedir dela”, suplica Rejane, que deixou o telefone de contato para quem puder prestar algum tipo de auxílio à família: (51) 99017-5171.

Ministério disse estar à disposição para orientações

O Ministério das Relações Exteriores afirmou que permanece, por meio da Embaixada do Brasil em Nova Délhi, à disposição para prestar a assistência consular devida.

O governo federal informou ainda que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais.

O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior, porém, é decisão da família, e a legislação impede de que seja custeada com recursos públicos.

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Mãe de quatro filhos

Natural de São Sebastião do Caí, Katchucia residia com os quatro filhos em uma casa de dois quartos alugada no bairro Ideal. As crianças – duas meninas, de 2 e 11 anos, e dois meninos, de 5 e 14 anos – estão sob os cuidados da avó desde que a brasileira embarcou para a Ásia.

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