Moraes diz que milícias digitais nacionais e estrangeiras ainda atuam

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que milícias digitais ainda estão em atuação na disseminação de notícias falsas e desinformação.

A afirmação foi durante o julgamento da denúncia sobre a trama golpista contra Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados, quando o ministro rebatia a tese das defesas sobre irregularidades na delação do tenente-coronel Mauro Cid.

Segundo o ministro, milícias atuariam, inclusive, durante o julgamento. Para ele, essas milícias são tanto brasileiras como de países do exterior, mas não vão intimidar o Poder Judiciário brasileiro.

As milíciais digitais, organizações criminosas que atuam de forma estrutura na produção e disseminação de notícia falsa e desinformação, são alvos do inquérito que deu origem à denúncia da trama golpista.

Ao rebater a tese das defesas, Moraes afirmou que tirou sigilo dos vídeos da delação de Mauro Cid para evitar a atuação dessas milícias especializadas na produção e e distribuição de fake news.

“Nós sabemos que as milícias digitais continuam atuando, inclusive durante esse julgamento, tentando pegar trechos para montar. Porque a especialidade dessas milícias digitais é a distribuição e produção de fake news para a tentativa de intimidar o Poder Judiciário”, disse Moraes.

Moraes ainda afirmou que houve “mais de uma vez” a reiteração de voluntariedade de Mauro Cid em executar o acordo de delação premiada, tendo sido reafirmada inclusive pelo seu advogado Cezar Bittencourt.

Ex-presidente Jair Messias Bolsonaro em julgamento da denúncia do núcleo 1 da Pet 12.100, sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 - Metrópoles

Muito embora o ministro fale sobre a tentativa de intimidação dessas milícias, ele reitera que os grupos ainda não entenderam que “não vão intimidar o Judiciário”.

“Não perceberam que, se até agora, não intimidaram o Poder Judiciário, não vão intimidar o Poder Judiciário, seja com milícias digitais nacionais ou estrangeiras, porque o Brasil é um país soberano e independente”, afirmou ao subir o tom de sua fala.

O inquérito das milícias digitais foi instaurado pelo STF para apurar a existência desses grupos que atuam na internet com finalidades antidemocráticas, inclusive sendo divido por núcleos de produção, publicação, financiamento e o núcleo políticos.

As declarações de Moraes se deram na parte do julgamento em que foram analisadas as chamadas “preliminares”, ou seja, quando foram apreciadas as defesas prévias dos acusados.

Além da validade da delação de Cid, também foram apreciadas pelos ministros questões como o impedimento de alguns ministros no julgamento, como o próprio Moraes, a competência do STF e da Primeira Turma para julgar a denúncia.

Todas as preliminares foram rejeitadas nos termos do voto de Moraes, que é o relator.

O julgamento, que teve início nesta terça, será finalizado na manhã de quarta-feira (26/3) quando os ministros devem proferir seus votos quanto ao recebimento ou não da denúncia contra Bolsonaro e outros 7 aliados.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.