Opinião: “três lições da Guerra da Ucrânia”

OpiniГѓВЈo: o caminho da paz

A guerra na Ucrânia trouxe lições contundentes. Após três anos de conflito, certas suposições ruíram diante da realidade implacável. Três lições principais emergem desse confronto, relembrando verdades atemporais da estratégia e da política internacional.  

A primeira lição é que narrativas não vencem guerras. Por mais vigorosa que seja a retórica, é no campo de batalha que se decide o destino de um conflito. Como afirmou Sun Tzu: “Conhece o teu inimigo e conhece a ti mesmo; em cem batalhas, nunca estarás em perigo.” Em outras palavras, a vitória depende do conhecimento estratégico e da preparação, não apenas de discursos, intenções políticas ou mídias sociais. No caso ucraniano, a realidade militar impôs limites à retórica: ganhos e reveses dependem da superioridade em combate, não de narrativas.  

Em segundo lugar, observamos a ineficácia das sanções econômicas contra grandes potências. Esperava-se que o amplo pacote de medidas contra a Rússia estrangulasse sua economia e paralisasse a campanha militar, mas não foi o que ocorreu. Moscou diversificou parcerias, redirecionou o comércio para mercados não ocidentais e impulsionou a desdolarização de transações. A exclusão da Rússia do sistema SWIFT evidenciou a fragilidade de uma arquitetura financeira global dependente de um único polo de poder. Grandes potências conseguem contornar sanções, sobretudo quando têm recursos naturais vitais e apoio de aliados influentes. Aumentar as sanções seria apostar, uma vez mais, no equívoco.

Por fim, é importante ressaltar o enorme risco de confiar cegamente no Artigo 5º da OTAN. A garantia de defesa coletiva da NATO é um pilar da segurança europeia, mas a hesitação dos Estados Unidos em intervir diretamente na Ucrânia demonstrou que mesmo compromissos formais ficam subordinados aos interesses nacionais e ao relógio eleitoral. Washington deixou claro que não arriscaria confronto direto com outra potência nuclear para defender um país. O recado é claro: a resposta a qualquer agressão será ditada por um cálculo frio de custo-benefício. Aliados menores devem ter em mente que, no limite, os norte-americanos agirão conforme seus próprios interesses e sua disposição de correr riscos. Confiar em Washington é temerário.  

As três lições da Guerra da Ucrânia evidenciam a ascensão da realpolitik, na qual fatos e interesses estratégicos prevalecem sobre discursos e suposições. O presidente Vladimir Putin revelou-se um exímio jogador nesse xadrez geopolítico: compreendeu as fragilidades e divisões do Ocidente e agiu de acordo com essa leitura. Se internalizar essas lições, a comunidade internacional talvez volte a privilegiar o cálculo prudente e a diplomacia de poder, em vez de expectativas idealistas. A Guerra da Ucrânia redesenhou as regras do jogo, e a vantagem cabe àqueles que, como Putin, compreendem a força da realidade sobre a narrativa.

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