Papa Francisco esteve perto da morte duas vezes, revela médico

O papa Francisco acena para multidão no Hospital Gemelli, em Roma, antes de receber alta em 23 de março de 2025Filippo Monteforte

Sergio Alfieri, médico do Papa Francisco, revelou, em entrevista exclusiva ao jornal italiano Corriere Della Sera, que o pontífice esteve perto da morte em ao menos duas ocasiões durante o período de internação.

O pior momento aconteceu em 28 de fevereiro, quando o Papa teve um episódio de broncoespasmo e falta de ar. “Pela primeira vez, vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que, pelo que percebi durante esse período de internação, o amam sinceramente, como um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia o risco de ele não sobreviver”.

A gravidade foi tamanha que os médicos tiveram que lidar com uma escolha difícil. “Tivemos que escolher entre parar e deixá-lo ir ou forçá-lo e tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. E no final nós tomamos esse caminho”, relatou o médico ao Corriere Della Sera.

A decisão foi tomada pelo padre Massimiliano Strappetti, assistente médico pessoal do Papa. Ele disse aos médicos: “Tente de tudo, não desista”.

Papa Francisco saudou mulher que rezou por ele durante todos os dias de internaçãoReprodução/Youtube

Montanha-russa

Com o passar dos dias, a crise foi contida e o organismo do pontífice respondeu ao tratamento.

Mas, logo depois, o estado de saúde do Papa voltou a piorar. “Estávamos saindo do período mais difícil, quando o Papa Francisco teve uma regurgitação e inalou [o que comia]. Foi o segundo momento realmente crítico porque nesses casos, se não forem socorridos prontamente, há risco de morte súbita, além de complicações nos pulmões, que já eram os órgãos mais comprometidos. Foi terrível, realmente achamos que não conseguiríamos”, disse Alfieri ao jornal italiano.

Durante todo o processo, o Papa Francisco esteve ciente de tudo o que estava ocorrendo, inclusive de que poderia não sobreviver. “Ele estava sempre alerta. Mesmo quando sua condição piorou, ele estava totalmente consciente. Aquela noite foi terrível, ele sabia, assim como nós, que talvez não sobrevivesse àquela noite. Mas desde o primeiro dia ele nos pediu para lhe contar a verdade.”

O médico também relatou ao Corriere Della Sera como foi a ida do pontífice ao hospital. “Ele estava doente há dias, mas resistiu porque provavelmente queria respeitar os compromissos do Jubileu. Quando ele começou a respirar cada vez mais com dificuldade, percebeu que não podia mais esperar. Ele chegou a Gemelli sentindo muita dor, mas talvez também um pouco irritado. Mas em poucas horas ele recuperou o bom humor.”

Momento da virada

Um episódio foi especialmente marcante para a equipe que acompanhou o pontífice: quando eles perceberam que Francisco estava ”de volta”.

“Ele deu o dinheiro a um dos colaboradores e ofereceu pizza a quem o tinha assistido naquele dia. Foi uma melhora contínua e entendi que ele havia decidido retornar a Casa Santa Marta quando, uma manhã, ele me disse: “Ainda estou vivo, quando voltamos para casa?”. No dia seguinte, ele olhou pela janela, procurou o microfone e se dirigiu à senhora com as flores amarelas. Pareceu-me um sinal claro de que estou de volta e totalmente recuperado.”

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