Academia do Oscar se recusou a apoiar cineasta detido por israelenses, diz codiretor

O codiretor israelense Yuval Abraham, responsável pelo documentário vencedor do Oscar 2025, Sem Chão, expressou sua indignação com a recusa da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos em se posicionar publicamente sobre o ataque sofrido por Hamdan Ballal, cineasta palestino e também codiretor do filme. Ballal foi espancado por colonos israelenses na Cisjordânia e posteriormente detido pelo exército de Israel. O incidente gerou uma mobilização internacional.

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Cineasta palestino desapareceu | abc+



Cineasta palestino desapareceu

Foto: Reprodução/Redes sociais/X/Basel Adra

Em uma postagem no X, Abraham lamentou a atitude da Academia, que não emitiu nenhum comunicado de apoio a Ballal durante o período em que ele foi espancado e torturado. “A Academia dos Estados Unidos, que nos concedeu um Oscar há três semanas, se recusou a apoiar publicamente Hamdan Ballal enquanto ele era espancado e torturado por soldados e colonos israelenses”, escreveu o cineasta.

Abraham destacou que a Academia Europeia expressou solidariedade, assim como várias outras premiações e festivais. Contudo, a pressão de membros da Academia dos EUA, especialmente da categoria de documentários, não foi suficiente para que a entidade tomasse uma posição pública.

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“Nos disseram que, como outros palestinos também foram agredidos durante o ataque dos colonos, isso poderia ser considerado não relacionado ao filme, e por isso não viram necessidade de responder”, afirmou Abraham.

O ataque a Hamdan Ballal aconteceu em sua vila natal, Susya, localizada na Cisjordânia. De acordo com relatos, o cineasta foi agredido na última segunda-feira, 24, por um grupo de aproximadamente 20 colonos mascarados, muitos deles adolescentes armados com pedras, paus e facas. A violência foi tão intensa que Ballal sofreu ferimentos graves na cabeça e no estômago. A situação piorou quando soldados israelenses invadiram a ambulância que havia sido chamada para socorrê-lo, levando-o sob custódia militar. A partir desse momento, o cineasta ficou desaparecido até ser libertado pelo exército israelense na terça-feira seguinte ao ataque.

A mobilização para a libertação de Ballal começou com um post de Abraham, que alertou sobre a situação de emergência do colega cineasta e pediu apoio imediato. Além de seu trabalho como cineasta, Hamdan Ballal é conhecido por sua atuação na defesa dos direitos humanos, especialmente na documentação de incidentes relacionados à ocupação israelense e nas iniciativas de apoio à comunidade palestina em situações de violência e repressão.

Abraham ainda sugeriu que a Academia poderia reverter sua decisão e emitir uma declaração condenando o ataque a Ballal e à comunidade de Masafer Yatta. “Não é tarde demais para mudar essa posição. Mesmo agora, emitir uma declaração condenando o ataque a Hamdan e à comunidade de Masafer Yatta enviaria uma mensagem significativa e serviria como um impedimento para o futuro”, concluiu.

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