As histórias de um barbeiro de 92 anos e seu salão em Canoas

Com a frase “Não fazemos clientes, fazemos amigos”, João Nilson Machado, 92 anos, enaltece a profissão de barbeiro, a qual exerce desde os 16 anos. Natural de Rio Pardo, o morador do bairro Harmonia e proprietário de um salão na Rua Saldanha da Gama relembra o início da jornada profissional e a mudança para Canoas.

Machado celebra a vida e a profissão de barbeiro



Machado celebra a vida e a profissão de barbeiro

Foto: Paulo Pires/GES

FAÇA PARTE DA COMUNIDADE DO DIÁRIO DE CANOAS NO WHATSAPP

“Minha primeira parada foi em Porto Alegre. Quando cheguei, não tinha profissão. Na época, surgiu a oportunidade de fazer um curso de barbeiro. Foram nove meses aprendendo o ofício que se tornou o meu sustento por toda a vida”, recorda o veterano.

Conhecido pelo sobrenome, Machado começou a trabalhar como barbeiro utilizando uma cadeira de engraxate.

“Não era o ideal, os clientes reclamavam que a cadeira balançava muito. Mas mesmo com as adversidades, conquistei uma base fiel de fregueses com meu trabalho.”

No começo da década de 1960, na esperança de comprar uma cadeira de barbeiro, Machado foi até uma fábrica na capital gaúcha.

“Não tinha condições de dar uma entrada. O dono da loja foi gentil e me vendeu parcelado em 24 vezes, sem entrada. O acordo foi pago por semana. Ele conhecia o meu trabalho, viu que tinha potencial.”

A partir daquele dia, o destino mudou. Algum tempo depois, Machado conheceu o neto do dono da loja.

“Ele [Renato Bastos Ribeiro] queria montar uma barbearia, mas não tinha experiência na profissão. O avô dele então disse que só o ajudaria se ele me chamasse para trabalhar junto. Eu aceitei, mas com a condição de ser sócio e gerenciar o negócio, pois eu trabalhava e já tinha três cadeiras de barbeiro.”

Aquisição e mudança de cidade

Por 11 anos (1961-1972), Machado trabalhou em sociedade com Ribeiro, na Rua da Praia. “Deu muito certo. Eu cortava cabelo e administrava as contratações dos colaboradores. O Ribeiro ficava na parte financeira e burocrática. A escolha do nome Regente [do salão] foi ideia do Ribeiro”, conta.

Em casos especiais, Machado ainda realiza cortes de cabelo sob agendamento



Em casos especiais, Machado ainda realiza cortes de cabelo sob agendamento

Foto: Paulo Pires/GES

No início dos anos 70, Ribeiro comunicou Machado que queria deixar o ramo das barbearias. “Ele já estava bem financeiramente. Tinha outros negócios. O único pedido foi para eu comprar a parte dele, pois não queria vender para mais ninguém. Eu parcelei, mas consegui comprar.”

Após a aquisição total do salão, Machado encerrou as atividades na Rua da Praia e transferiu a operação para Canoas, em uma escala menor, sem funcionários.

Profissão de pai para filho e recomeço

“Meu filho [Carlos Machado] seguiu a mesma profissão que eu. Quando estabeleci o salão em Canoas, ele começou a trabalhar comigo. Desde então, somos nós dois. A maior mudança ocorreu após a enchente do ano passado. Fomos atingidos em cheio. O salão e nossas casas foram invadidos pelas águas. A barbearia ficou fechada por sete meses. No retorno, a maioria dos cortes está sendo feita pelo Carlos”, finaliza Machado.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.