Natura (NTCO3): quais os direcionamentos da administração após a turbulência do 4T?

A Natura&Co (NTCO3), cuja ação acumula queda superior a 20% no ano, realizou uma reunião com analistas para esclarecer as principais preocupações dos investidores após a divulgação dos resultados do 4T24 e apresentar uma atualização geral sobre os negócios, em meio a um período de volatilidade e reestruturação corporativa. A reunião foi conduzida pelo CEO e CFO da Natura na América Latina, que em breve assumirão os mesmos cargos no grupo. Às 14h30, o papel da empresa subia 2,33%, cotado a R$ 10,12.

De acordo com relatório da XP, a administração enfatizou que a margem bruta do quarto trimestre foi impactada pelo mix de produtos, iniciativas promocionais e desafios na Argentina. Especificamente, eles notaram que a introdução de um imposto de importação de 17% em 2024 (em comparação com 7% em 2023) afetou ainda mais a lucratividade da Argentina no trimestre, uma vez que a NTCO também precisou contabilizar o diferimento do imposto do terceiro trimestre (a última, parte do impacto não recorrente de 50 pontos-base).

Olhando para frente, esse imposto de importação deixará de existir em 2025, ajudando na evolução da margem trimestre a trimestre.

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Por outro lado, a administração reforçou sua confiança em expandir tanto a margem bruta quanto a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) ajustada este ano, principalmente apoiados pelos ganhos da Onda 2, e destacando que as despesas de vendas, gerais e administrativas deve ser mais uniformemente distribuído ao longo dos trimestres.

Quando questionados sobre o nível de custos de transformação, a administração reforçou que os custos de transformação da Natura na América Latina em 2025 serão inferiores aos de 2024, mesmo considerando a reavaliação de capex/opex, enquanto notaram fortemente que 2026 deve ser um ano livre dessa linha.

Para referência, os custos de transformação na América Latina foram de R$ 487 milhões em 2024, e a previsão para 2025 é de R$ 400 milhões. Além disso, a empresa pretende parar de ajustar os resultados para esses custos em 2026, passando a gerenciar a operação de forma integral.

Com a marca Natura ganhando consistentemente participação de mercado na América Latina, a administração está trabalhando para recuperar o crescimento da receita da Avon na região.

A internalização completa da equipe de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) e marketing na América Latina deve ajudar a reposicionar a marca, embora tenham reconhecido que ainda há um longo caminho pela frente. A XP prevê que a receita da Avon cairá de 3 a 10% no Brasil e na América Latina hispânica em 2025, respectivamente.

Com relação à Avon Internacional (API), os executivos notaram que é muito cedo para avaliar o nível de despesas de holding recorrentes e tax shield, enquanto a empresa continua focada na resolução da Avon Internacional.

O Goldman Sachs, por sua vez, destaca que os custos de transformação na América Latina serão menores em 2025 e deixarão de ser contabilizados separadamente em 2026.

A gestão afirmou que os desembolsos de caixa da Wave 2 estão alinhados ao plano de negócios, ainda que a alocação entre capex e opex tenha sofrido alguns ajustes. Em 2025, os custos de transformação devem ser menores que em 2024, sem ajustes pela migração de capex para opex.

A administração mencionou que os investimentos na plataforma omnichannel, especialmente aqueles voltados para a modernização de canais e marcas, foram concentrados no 4T24. Embora as despesas sejam mais distribuídas ao longo de 2025, elas não foram pontuais, pois a empresa continuará investindo em inovação e diferenciação.

A gestão destacou que, após a reorganização proposta, as únicas despesas que permanecerão na holding serão relacionadas ao Conselho de Administração, Relações com Investidores e elementos estratégicos do turnaround.

Para contexto, as despesas da holding no 3T24 foram de R$ 44 milhões, comparadas a R$ 241 milhões em 2024 (média de R$ 60 milhões por trimestre).

Apesar do tom positivo em relação às melhorias operacionais e tendências, o JPMorgan pontua que a empresa forneceu dados quantitativos limitados, dificultando um realinhamento imediato das expectativas de curto prazo dos investidores.

O JPMorgan ainda destaca que a Natura está aprimorando sua estratégia de comunicação para aumentar a visibilidade dos resultados financeiros. A administração reforçou a importância de divulgações mais claras para alinhar as expectativas dos investidores com os objetivos estratégicos da empresa, garantindo um melhor entendimento sobre sua saúde financeira e perspectivas futuras.

O Goldman Sachs e JPMorgan reiteraram recomendação neutra, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 12 e R$ 11. A XP Investimentos, por sua vez, manteve recomendação de compra para Natura.

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