Desistência de Bolsonaro de ir ao STF no 2º dia irrita parte dos conselheiros do ex-presidente: ‘faltou o Fight!’ de Trump, diz aliado


A avaliação é que a presença dele no primeiro dia mandou o recado correto: alguém que não iria fugir do país, que iria encarar de frente as acusações e respeitar o jogo jurídico, mas a ausência no segundo dia pode ser lida como covardia. Jair Bolsonaro é o 1º ex-presidente a se tornar réu por atentar contra a democracia
A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em não comparecer ao segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que o tornou réu por tentativa de golpe de Estado rachou seus grupos de conselheiros.
A avaliação é que a presença dele no primeiro dia mandou o recado correto: alguém que não iria fugir do país, que iria encarar de frente as acusações e respeitar o jogo jurídico.
Mas como a aceitação da denúncia era um resultado esperado, o “grand finale” estava reservado justamente para o segundo dia.
Bolsonaro iria olhar os juízes de frente, mostrar-se indignado, mas, principalmente, passar para a sua militância a mensagem de que jamais iria desistir. “Faltou o fight de Trump”, disse um dos seus auxiliares, lembrando o gesto que o presidente dos EUA fez num momento mais crítico de sua campanha, quando ele quase foi alvejado num atentado.
A crise foi exposta com todas as letras no programa transmitido dos Estados Unidos por um dos réus do inquérito, Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador e ex-presidente João Batista Figueiredo.
Como não pode se comunicar com Bolsonaro, já que também é investigado pela tentativa de golpe, Paulo Figueiredo ganha o status de observador internacional da cena. E foi nessa posição que ele fez duríssimas críticas ao recuo do ex-presidente.
Paulo Figueiredo considerou a ideia de Bolsonaro de desistir de ir ao STF no segundo dia uma ideia estúpida. Ele também criticou o fato de ele ser fotografado com cara de choro pela senadora Damares Alves (PL) antes de uma entrevista coletiva completamente sem pé nem cabeça.
“Ele me resolve, do nada, no dia [do julgamento] não ir. Passa [imagem] do comportamento de covarde e errático. Vai isolado pro gabinete do Flávio e deixa a Damares postar uma foto dele com cara de choro pedindo orações. É o contrário da força. Daí sai [do gabinete] e dá aquela coletiva falando um monte de ladainha”, disse Figueiredo à reportagem.
Paulo Figueiredo acompanhou de perto todos os passos da campanha de Trump e resume da seguinte forma o método que o americano usou para enfrentar as acusações na Justiça pelos diversos crimes pelos quais respondia: firmeza, coragem e enfrentamento.
Segundo os conselheiros de Bolsonaro, a ideia era que a coletiva fosse curta, de apenas 15 minutos, em frente ao Supremo Tribunal Federal, para ter a última palavra do dia, ou seja, dominar a cena. Exatamente o script que Trump seguiu.
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