Galípolo diz que BC ainda não avaliou os impactos do consignado CLT

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou, nesta quinta-feira (27/3), que os impactos da liberação do crédito consignado privado para celetistas ainda não foram considerados nas últimas estimativas do órgão.

Embora não tenha sido avaliado nas estatísticas do Banco Central, Galípolo disse que os efeitos do consignado privado serão analisados, pois é um processo que carece “consolidação” de dados para “entender qual vai ser o impacto”.

Segundo o presidente do BC, o órgão considerou apenas a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para quem optou pela modalidade do saque-aniversário nas projeções.

A ampliação do Imposto de Renda (IR)  não entrou na análise por ser um projeto de lei. Ele afirmou que a autoridade monetária avaliará assim que o texto for fechado pelo Congresso Nacional. Além disso, as medidas para baratear os alimentos não foi considerado.

Esta é a primeira entrevista coletiva de Galípolo como presidente do Banco Central. Anteriormente, ele participou de eventos privados sobre economia.

Relatório de Política Monetária

Mais cedo, o Relatório de Política Monetária mostrou as perspectivas do Banco Central sobre alguns indicadores econômicos. Para o fim deste ano, o BC projeta inflação acima dos 5% e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo dos 2%.


Relatório de Política Monetária

  • No ano passado, o BC anunciou a mudança na nomenclatura do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), agora Relatório de Política Monetária (RPM). Segundo a autoridade monetária, a mudança ocorre para se alinhar com “a prática internacional”.
  • Os moldes do Relatório de Política Monetária são os mesmos do Relatório de Inflação.
  • O RPM reúne as decisões de política monetária adotadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), bem como o desempenho da nova sistemática da meta inflacionária, as considerações sobre a evolução do cenário econômico e as projeções para a inflação.
  • A partir deste ano, o BC deve divulgar, até o último dia útil de cada trimestre, o relatório de política monetária.

A estimativa para inflação oficial de 2025, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou de 4,5% (em dezembro de 2024) para 5,1%. Enquanto a expectativa para o crescimento do PIB foi reduzida de 2,1% para 1,9%.

No documento, o Banco Central ainda destacou a probabilidade da inflação estourar o teto da meta de 2025. As chances passaram de 50%, no relatório anterior (de dezembro do ano passado), para 70%.

Para 2026, a chance de ultrapassar os limites da meta subiu de 26% para 28%.

A meta é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual — sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso). A meta será considerada cumprida se oscilar nesse intervalo.

A partir deste ano, a meta é contínua, isto é, apurada mês a mês. Se o IPCA acumulado em 12 meses passar dos limites de tolerância por seis meses seguidos, ela será considerada descumprida.

De acordo com o BC, a inflação voltou a subir e a desancoragem das expectativas aumentou: “As projeções de inflação se mantiveram acima da meta, tornando a convergência para a meta desafiadora”.

A autoridade monetária afirmou que a inflação continuará “acima do limite do intervalo de tolerância ao longo de 2025, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima da meta”.

Dessa forma, o BC prevê um estouro da meta ainda em junho, devido ao novo sistema de metas.

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