Câncer de pâncreas: entenda os sintomas, o diagnóstico e os tratamentos recomendados

O câncer de pâncreas é um dos tumores mais desafiadores da medicina, tanto pela dificuldade de detecção quanto pelo seu comportamento agressivo.

O caso do guitarrista Tony Bellotto, dos Titãs, que recentemente anunciou ter descoberto a doença durante um exame de rotina, trouxe visibilidade para essa condição, reforçando a importância da atenção aos sintomas e ao diagnóstico precoce.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tipo mais comum do câncer de pâncreas é o adenocarcinoma, que representa 90% dos casos.

A maioria dos tumores surge na “cabeça” do pâncreas, e sua taxa de mortalidade é alta: apesar de corresponder a apenas 1% de todos os cânceres diagnosticados no Brasil, é responsável por 5% das mortes pela doença, ainda de acordo com o INCA.

O risco aumenta com a idade, sendo raro antes dos 30 anos e mais comum a partir dos 60. Fatores como obesidade, diabetes tipo 2, tabagismo e consumo excessivo de álcool também elevam as chances de desenvolver a doença.

Sintomas e sinais de alerta

O grande problema do câncer de pâncreas é sua apresentação silenciosa. “Geralmente, ele [o câncer] é silencioso e é diagnosticado com exames que são feitos de rotina ou com o paciente já sintomático da doença mais avançada”, diz Pedro Uson, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Perda de peso inexplicada
  • Falta de apetite
  • Fraqueza
  • Dor abdominal ou nas costas
  • Pele e olhos amarelados (icterícia)
  • Urina escura

Há casos em que a perda de peso é drástica, e um sinal de alerta pode ser o desenvolvimento de diabetes sem explicação aparente.

Como é feito o diagnóstico?

O oncologista Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência de Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C. Camargo Cancer Center, explica que o primeiro passo é a avaliação clínica, considerando os sintomas e o histórico do paciente.

Caso haja suspeita, são solicitados exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia endoscópica, que permitem uma visualização mais detalhada do órgão e a coleta de amostras para biópsia.

“A combinação desses métodos permite confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da doença, informações essenciais para definir o tratamento adequado”

— Felipe Coimbra, oncologista do A.C. Camargo Cancer Center

Segundo o especialista do A.C. Camargo, a ultrassonografia abdominal, apesar de comumente utilizada, pode não ser suficiente, pois o estômago e os intestinos dificultam a visualização completa do pâncreas, já que estão na sua frente. “Portanto na suspeita, mesmo com ultrassonografia normal, outros exames devem ser realizados”, adiciona o oncologista.

Quais são as opções de tratamento?

De acordo com Coimbra, o tratamento do câncer de pâncreas é individualizado e depende do estágio da doença, mas, basicamente, há três métodos (que podem ser combinados):

  • Cirurgia
  • Quimioterapia e/ou radioterapia
  • Terapias direcionadas

O médico do A.C. Camargo esclarece que, quando o tumor está localizado, a cirurgia é a principal opção curativa, com técnicas cada vez mais avançadas que incluem procedimentos minimamente invasivos, como a cirurgia robótica, possibilitando “intervenções mais precisas e com menor tempo de recuperação”.

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No entanto, em muitos casos, a doença já está avançada no momento do diagnóstico, exigindo o uso de quimioterapia e radioterapia. Esses tratamentos podem ser feitos antes da cirurgia para reduzir o tumor ou após o procedimento para evitar recidivas. Em situações em que a cirurgia não é viável, essas terapias ajudam a controlar a doença, explica Coimbra.

Ele destaca ainda que nos últimos anos, avanços como as terapias direcionadas têm mostrado resultados promissores.

“Novas abordagens atacam especificamente alvos moleculares dentro das células tumorais, as células cancerígenas, buscando aumentar a eficácia do tratamento e reduzir os efeitos colaterais”, pontua.

O oncologista Pedro Uson também destaca a importância da personalização do tratamento com base no perfil genético do paciente.

“Uma outra coisa importante é saber se o paciente tem risco genético, porque tem remédios direcionados para pacientes que têm alterações genômicas, como, por exemplo BRCA; um desses remédios se chama Olaparib”

— Pedro Uson, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Quem deve ter mais atenção?

Segundo os especialistas, alguns grupos apresentam maior risco e devem ter um acompanhamento médico mais rigoroso.

Entre eles pessoas com histórico familiar da doença, portadores de doenças inflamatórias do pâncreas (como a pancreatite crônica), quem tem cistos pancreáticos, consumidores excessivos de álcool e tabaco, e indivíduos com diabetes de difícil controle ou recente diagnóstico.

“Para esses grupos, o monitoramento regular é crucial, já que a detecção precoce pode ser decisiva para o sucesso do tratamento”, comenta Coimbra.

A detecção precoce é um grande desafio, mas o acompanhamento médico regular pode fazer a diferença, aumentando as chances de um tratamento bem-sucedido, destacam os especialistas.

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