Passageiros denunciam coerção em propostas de compensação após overbooking no Energia On Board

Após o caótico episódio no Porto de Santos, onde cerca de 250 passageiros não conseguiram embarcar no cruzeiro temático Energia On Board, no dia 20 de março, a On Board Entretenimento tem buscado soluções para resolver a situação de seus clientes. No entanto, as propostas apresentadas pela empresa têm gerado divisões entre os passageiros afetados, que agora ponderam se devem aceitar ou não as condições oferecidas. Uma das passageiras afetadas procurou o M&E para compartilhar a situação.

Carolina Nepomuceno Torres Bonfim e seu namorado adquiriram uma cabine dupla para o cruzeiro Energia On Board no dia 18 de março, aproveitando uma promoção. Apesar de terem recebido a confirmação da compra, não receberam o voucher com o número da cabine a tempo. No Porto de Santos, enfrentaram uma fila caótica de mais de mil pessoas, onde ficaram esperando por 16 horas. Durante esse período, a equipe de check-in foi diminuindo discretamente, até que a On Board admitiu que o problema era de overbooking e ninguém mais conseguiria embarcar. A dupla foi levada para um hotel em Santos, mas, segundo Carolina, a acomodação não substituiu a experiência desejada, que era o cruzeiro.

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A On Board, em contato com Carolina no WhatsApp, negou – inclusive, que o ocorrido teria sido ‘overbooking’ e sim um ‘problema no sistema’. “Eles alegaram overbooking e depois mudaram o discurso”, disse a cliente. No print obtido pelo jornal, um representante legal da On Board admite o erro e ainda revela que a empresa ‘demorou para entender o que estava acontecendo’.

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Print enviados ao M&E mostra advogado reconhecendo o erro, mas descartando o overbooking (reprodução)

A empresa então propôs duas alternativas aos passageiros que foram prejudicados pelo overbooking que impediu o embarque, segundo informações recebidas pelo M&E. A primeira proposta incluia a devolução do valor pago pela cabine, o reembolso dos gastos extras realizados pelos passageiros e uma indenização de R$ 2.500 por danos morais. Já a segunda alternativa envolve o reembolso dos custos extras, mas com a retenção do valor pago pela cabine, além da oferta de uma cabine no próximo cruzeiro temático da empresa, previsto para o dia 17 de abril.

Veja o primeiro termo enviado pela On Board aos lesados:

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(Reprodução/arquivo pessoal Carolina Nepomuceno)

De acordo com relatos de Carolina, a proposta gerou controvérsia entre os envolvidos. A consumidora explica que a maioria dos passageiros não aceitou a primeira proposta inicialmente, pois ela incluía uma cláusula que condicionava o reembolso à renúncia de qualquer possível ação judicial por danos morais. Ela destaca que a maioria dos passageiros preferiu não assinar o termo, dado que essa condição representava uma forma de pressão para abrir mão de um direito futuro.

“Esse foi o primeiro termo que eles mandaram. Foi o maior barulho no grupo. Isso é coerção. Além de reter o nosso dinheiro, eles ainda querem submeter a uma multa. E assim foi a semana inteira. Eles se negando a pagar. Só iriam pagar se a gente assinasse esse termo absurdo que você está vendo aí”, afirmou Carolina ao M&E.

Além disso, Carolina revela que a proposta mais recente da On Board, que oferece uma nova cabine no próximo cruzeiro, dividiu ainda mais os passageiros. Enquanto alguns estão dispostos a aceitar a oferta, outros preferem aguardar, acreditando que o valor da indenização poderia ser mais justo, considerando os gastos extras com transporte, alimentação e fantasias, que foram necessários para a experiência que, no fim das contas, nunca se concretizou.

Sobre a nova proposta, a consumidora acredita que foi enviado por conta da pressão em cima da empresa, mas reforça que ‘ainda não está do jeito que a gente acha justo. Mas já deu uma melhorada”.

A situação é ainda mais tensa devido à visibilidade que o caso ganhou na mídia. Passageiros como Carolina, que estão organizados em um grupo de cerca de 120 pessoas, têm se manifestado em diferentes meios de comunicação. A reportagem sobre o caso será exibida no programa Fantástico neste final de semana, o que pode levar a empresa a reavaliar suas propostas diante da pressão pública.

Com a instabilidade nas negociações e as diferentes opiniões dentro do grupo, Carolina afirmou que preferiria aceitar a oferta da nova cabine, mas que aguardaria até o final do fim de semana para tomar uma decisão final. “Eu não estou disposta a brigar na justiça, sei que vai demorar muito e não vale a pena. Vou esperar até segunda-feira para decidir qual proposta fechar”, disse ela.

O M&E entrou em contato com a On Board para entender melhor a situação e aguarda posicionamento oficial da empresa de entretenimento para atualizar a matéria. Os passageiros continuam exigindo que a empresa reconheça o transtorno causado e ofereça uma compensação justa e transparente, sem cláusulas que limitem seus direitos.

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