Saúde da mulher também passa pelo urologista

Engana-se quem pensa que o urologista é um médico que atende somente homens. Pelo contrário, um estudo publicado pela revista Neurourology and Urodynamics revela que as mulheres são as mais afetadas por problemas urinários. Sendo assim, é inegável a importância dos cuidados da urologia para a mulher.

Dr. Lucas Lampert é urolorista e atende no Hospital Regina



Ao traçar um perfil epidemiológico das doenças urinárias no Brasil, a pesquisa identificou que 75% dos entrevistados relatavam ter algum sintoma relacionado com o sistema urinário, como a urgência ou necessidade de urinar. E o destaque: a prevalência dos sintomas foi maior entre as mulheres (82%).

Os problemas mais comuns são a bexiga hiperativa e a incontinência urinária. “Estes números evidenciam a importância da mulher consultar um urologista regularmente, assim como consulta seu ginecologista”, explica o urologista hamburguense Lucas Lampert.

Confira, abaixo, um tira-dúvidas com o especialista

Quais os principais motivos que levam a mulher a precisar de um urologista?
Por estar relacionado à região pélvica feminina, o urologista dedica-se ao cuidado dos distúrbios do sistema urinário feminino, mas que também trata outros problemas relacionados ao assoalho pélvico, compreendendo os órgãos que envolvem a bexiga e a uretra.

Incontinência urinária
A incontinência urinária acomete cerca de 40% das mulheres, de acordo com dados da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP). A Sociedade Brasileira de Urologia corrobora com esses dados, apontando que 10 milhões de brasileiros, de todas as idades, terão incontinência urinária, sendo mais comum nas mulheres, com incidência em grávidas e idosas. Por isso, muitas mulheres acabam procurando um urologista quando sentem a perda involuntária de urina ao tossir, espirrar, fazer alguma atividade física ou esforços comuns do dia a dia. Essa situação, embora não cause a perda da expectativa de vida, pode afetar o bem-estar da mulher, causando isolamento social e situações desconfortáveis. Por esse motivo, ao invés de buscar alternativas para amenizar os sintomas da incontinência urinária, o ideal é buscar orientação médica.

Tipos de incontinência

A incontinência urinária pode ser dividida em três principais categorias:

Incontinência urinária por esforço – é o tipo mais comum, sendo caracterizada pela perda urinária ao fazer esforços como tossir, rir, espirrar, exercitar-se ou carregar peso. Corresponde a cerca de 40 a 70% dos casos de incontinência urinária em mulheres.

Incontinência urinária de urgência – é identificada pela vontade súbita e incontrolável
de urinar; é também chamada de bexiga hiperativa.

Incontinência mista – associa os dois tipos de incontinência.

Fatores de risco

Entre os fatores que podem influenciar no surgimento da incontinência destacam-se:

  • Envelhecimento
  • Sexo feminino
  • Histórico familiar
  • Gestação
  • Tabagismo
  • Diabetes
  • Sobrepeso e obesidade
  • Exercícios de alto impacto (quando não há avaliação e acompanhamento adequados)
  • Doenças neurológicas como Parkinson e esclerose múltipla
  • Cirurgias pélvicas e de retirada do útero (histerectomia)

Infecção urinária

A infecção urinária, ou Infecção do Trato Urinário (ITU), é uma doença que pode atingir qualquer região do sistema urinário, caracterizada pela presença anormal de microrganismos patógenos. Em muitos casos, a infecção urinária pode desaparecer sozinha, mas é importante ter um tratamento adequado, pois a agudização da enfermidade pode levar a grandes problemas, em especial quando atinge os rins. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30% das mulheres vão apresentar infecção urinária leve ou grave em algum momento da vida. Além disso, a população feminina tem 50 vezes mais chance de desenvolver a doença do que o homem. O problema é ainda mais sério nas grávidas. Estima-se que 17% a 20% das gestações podem apresentar alguma complicação devido à infecção do trato urinário. Isso porque, durante a gestação, há um aumento da circulação sanguínea na região pélvica, fazendo com que a umidade vaginal cresça e facilite a passagem de bactérias do ânus para uretra. Portanto, aconselha-se que as grávidas procurem um médico para acompanhamento e tratamento de infecções, bem como adotem mudanças simples para evitar a contaminação por bactérias.

Síndrome da Bexiga Dolorosa

A síndrome da bexiga dolorosa, também conhecida como cistite intersticial, consiste em uma dor pélvica relacionada ao enchimento vesical, com frequência urinária elevada. A doença atinge pessoas com média idade de 40 anos, sendo predominante em mulheres (cerca de 90% dos casos), segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Ainda não se sabe ao certo a causa da doença, por conta disso, o diagnóstico e o tratamento são desafiadores. Geralmente, busca-se controlar e dor, como forma de melhorar a qualidade de vida das pacientes.

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