As menções à Duke University em The White Lotus em um detalhe do figurino não agradaram a instituição de ensino acadêmico. A terceira temporada da série da HBO inclui alguns personagens que, no enredo fictício, são ex-alunos.
Em uma das cenas, com conteúdo de tópico sensível, um deles está com uma camiseta com o logotipo da Duke. Para a universidade estadunidense, o uso da marca foi preocupante e vai “longe demais”.
A partir daqui, fica o alerta de spoiler. Vem entender o caso!

Contexto polêmico
Ambientada na Tailândia, em uma unidade da rede fictícia de hotéis que dá nome à série, a temporada tem a família Ratliff como um dos núcleos de personagens. O enredo, como de costume, mostra os “perrengues” intrigantes de pessoas ricas e de alguns funcionários do resort.
O casal com três filhos não foge à regra. De férias, eles acompanham a filha para uma pesquisa e, claro, envolvem-se em tópicos sensíveis durante a estadia.
O pai, o empresário Timothy Ratliff (Jason Isaacs), e o filho mais velho, Saxon (Patrick Schwarzenegger), são ex-alunos da Duke University, localizada em Durham, no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Vale destacar que Piper (Sarah Catherine Hook), filha de Timothy, frequenta a Universidade da Carolina do Norte, rival da Duke University.
No desenrolar da história, o personagem de Isaacs, ator famoso por interpretar Lucius Malfoy nos filmes de Harry Potter, descobre que é alvo de uma investigação sobre lavagem de dinheiro e passa a se automedicar com um ansiolítico que o deixa letárgico.
Após roubar uma arma de um segurança do hotel, devaneia em alguns momentos sobre suicidar-se. Em algumas das cenas, ele aparece com uma camiseta da Duke.
Acontece que a faculdade, por meio de um programa próprio de basquete, participa do campeonato March Madness e a cena viralizou como piada entre os torcedores dos times adversários. A repercussão, claro, não agradou as autoridades da instituição.

Resposta da Duke
As menções à marca da Duke têm preocupado os cargos altos da universidade, além do fato de o enredo também abordar outras questões polêmicas, de adultério a incesto.
Ao jornal The New York Times, o vice-presidente de comunicações, marketing e relações públicas da Duke University afirmou que, apesar de apreciarem “a expressão artística e a narrativa criativa”, o logotipo institucional foi usado sem permissão.
“Os personagens vestindo roupas de destaque com as marcas registradas federalmente de Duke criam confusão e sugerem erroneamente um endosso ou afiliação onde não há nenhum”, comunicou Frank Tramble. Segundo ele, a série “não apenas usa nossa marca sem permissão, mas, em nossa opinião, a usa em imagens que são preocupantes, não refletem nossos valores ou quem somos e simplesmente vão longe demais”.
A Duke chegou a responder a uma publicação no X (antigo Twitter) que ironizava a cena de Timothy Ratliff, alertando sobre a sensibilidade do tópico. “O suicídio é a segunda principal causa de morte em campi universitários.
A rivalidade faz parte do March Madness, mas algumas imagens vão longe demais. Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio, ligue ou envie uma mensagem para a Linha Direta de Prevenção ao Suicídio no número 988″, comentou o perfil oficial da universidade.
Ainda sobre o caso, Frank Tramble disse que, “como as imagens do show estão sendo amplamente compartilhadas nas mídias sociais, estamos usando nossa marca para promover a conscientização sobre saúde mental e lembrar as pessoas de que há ajuda disponível”.

Amparo legal
Apesar do incômodo das autoridades acadêmicas, uma professora da Universidade de Nova York, especializada em direito de propriedade intelectual, explicou ao NYT que as referências à Duke nesse contexto não violam a lei de marcas registradas. Isso provavelmente ocorreria, por exemplo, se alguém tentasse abrir uma instituição de ensino com o mesmo nome.
A legislação dos EUA também permite o uso de marcas registradas famosas para finalidades artísticas e ficcionais. Tramble não respondeu se a universidade pretende tomar alguma ação judicial sobre o uso da marca, nem a HBO se manifestou sobre o assunto quando procurada pelo jornal nova-iorquino.

Boné com monólogo
Como a coluna mostrou recentemente, a nova temporada de The White Lotus tem dado o que falar, inclusive na moda, inspirando coleções e chamando atenção para o estilo dos atores.
Outro tópico recente que foi parar no cenário fashion é o monólogo com revelações controversas do personagem de Frank (Sam Rockwell). Em um dos episódios, ele fala sobre o vício em sexo, que o levou ao celibato voluntário e à sobriedade.
A cena virou tópico nas redes sociais, rendendo até comentários sobre uma possível indicação de Rockwell ao Emmy pela participação. Consequentemente, o monólogo – assim como outras menções ao programa – já virou estampa de boné e camiseta no site Good Shirts.
A propósito, a plataforma on-line é a mesma que, no fim do ano passado, vendeu uma camiseta com a frase “I Can Fix Him” com a imagem de Luigi Mangione, suspeito de assassinar a tiros o então CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson.

Com o oitavo e último episódio da temporada 3 marcado para estrear em 6 de abril, The White Lotus provavelmente terá novos trechos virais nos próximos dias.
Continue acompanhando a coluna para ver os próximos desdobramentos fashion da série que, apesar de controversa, é uma obsessão na web.