Estudo revela que mastigar madeira melhora a memória; entenda

Depois que foi revelado que mascar chiclete aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro, melhorando o estado de alerta, o foco e a função cognitiva, segundo estudo de 2015; agora, cientistas sul-coreanos descobriram que mastigar outra substância pode ser ainda mais benéfico para o cérebro: a madeira.

Uma nova pesquisa, publicada em novembro do ano passado, indicou que mastigar abaixadores de língua médicos de madeira por cinco minutos pode aumentar os níveis de glutationa, antioxidante primário no cérebro que desempenha um papel muito importante na proteção contra o estresse oxidativo. Em níveis mais elevados, esse componente está associado à melhora da memória.

Entenda

  • O estudo examinou 52 estudantes universitários saudáveis de Daegu, na Coreia do Sul, dividindo-os em dois grupos.
  • 27 participantes receberam goma de parafina, enquanto 25 deles receberam abaixadores de língua semelhantes a palitos de picolé.
  • Os estudantes mastigaram o lado direito por 30 segundos e depois descansaram por 30 segundos, alternando por um total de cinco minutos.
  • Os pesquisadores usaram espectroscopia de ressonância magnética para medir alterações de glutationa no córtex cingulado anterior — parte do cérebro envolvida na tomada de decisões, regulação emocional, motivação e controle cognitivo.
  • Todos os participantes fizeram um teste cognitivo antes e depois da atividade.
  • Aqueles que morderam os abaixadores de língua tiveram maiores saltos em glutationa e apresentaram melhor desempenho nos testes.
Mãos de médica examinando criança menina - Metrópoles
Estudo utilizou abaixadores de língua médicos de madeira

No entanto, embora os resultados demonstrem que mastigar materiais relativamente duros esteja relacionado a um crescimento na concentração de glutationa no cérebro, os autores do estudo disseram que as razões exatas ainda não estão claras. Os especularam que esse efeito simplesmente reflete um aumento no fluxo sanguíneo cerebral.

Segundo Mikaela Santos Aguiar, neurologista e neurofisiologista do Hospital Santa Marta, o fluxo sanguíneo cerebral é a quantidade de sangue que chega ao cérebro em um determinado período de tempo.

“Se não temos fluxo sanguíneo adequado chegando no cérebro, temos perda progressiva dos nossos neurônios (células cerebrais), como ocorre quando temos obstrução de artérias que irrigam o órgão; e lesões irreversíveis se não for rapidamente estabelecido, como ocorre no caso de um AVC (acidente vascular cerebral), popularmente conhecido como derrame”, afirma.

“A melhora do fluxo sanguíneo cerebral também está relacionada à prática regular de atividade física”, diz a médica.

Já a glutationa, de acordo com a especialista, é uma molécula antioxidante produzida pelo próprio corpo humano e presente na maioria das células do corpo. Ela é importante para proteger as células contra o estresse oxidativo, evitando, assim, o envelhecimento celular, prejuízo cognitivo e também a redução da expectativa de vida.

Dedo de médico apontando para imagens de exame cerebral - Metrópoles
Estudo revela que mastigar madeira melhora a memória

“Mas, para mantermos a glutationa em níveis elevados no nosso organismo, precisamos fazer o que todos os médicos orientam nas consultas: alimentação saudável diária – rica em legumes e carnes brancas – e prática regular de atividade física”, frisa ela.

Mikaela observa que o estudo que associa os abaixadores de língua a benefícios para o cérebro se trata de uma pesquisa única, com um número pequeno de pacientes analisados, “sendo precoce concluir dados para extrapolar para a população geral”.

“Precisamos aguardar mais estudos e, de preferência, com um número maior de pacientes analisados, além de seguimento por um prazo maior para tirarmos maiores conclusões desses dados”, pontua.

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