Narcossubmarino: cocaína localizada em Portugal pode ser do PCC

São Paulo — Forças de segurança portuguesas interceptaram uma espécie de submarino, no qual havia 6,5 toneladas de cocaína, que seriam comercializadas na Europa. A embarcação era ocupada por criminosos de três nacionalidades, entre os quais estariam membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), principal fornecedor da droga “tipo exportação”.

A embarcação estava a 500 milhas náuticas ao sul dos Açores, equivalente a 920 km de distância, quando foi abordada pela Polícia Judiciária e a Marinha de Portugal, na terça-feira (25/3). Entre os tripulantes havia três brasileiros, um espanhol e um colombiano, todos presos em flagrante.

O diretor nacional de Polícia Judiciária afirmou, em coletiva de imprensa, que os submarinos usados pelo crime organizado se aproximam o suficiente das costas para serem abordados por lanchas.

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Foram apreendidas 6,5 toneladas de cocaína

Criminosos saíram do Brasil
Suspeitos presos em ação
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Lanchas do crime recolhem as cargas do submarino

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Foram apreendidas 6,5 toneladas de cocaína

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Criminosos saíram do Brasil

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Suspeitos presos em ação

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A carga milionária, cujo valor aumenta exponencialmente ao chegar em solo europeu, é então levada pelas embarcações em alta velocidade.

O diretor nacional da polícia portuguesa acrescentou, ainda em coletiva, que os tripulantes são treinados para cruzar o oceano, a partir do litoral brasileiro, até entregar a droga, em alto mar, para contatos — em grande parte oriundos da Península Ibérica.

Ao Metrópoles, o pesquisador da Universidade de Coimbra e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Roberto Uchôa, afirmou que o perfil dos presos — composto por três nacionalidades — demonstra a globalização do crime organizado. “A internacionalização não é um papel solitário de uma organização criminosa. Ela precisa entrar em acordo com outras.”

Em nota, a Polícia Judiciária afirmou que deflagrou a Operação Nautilus, na qual o narcossubmarino foi interceptado após a embarcação ser identificada pela Guarda Civil da Espanha — que notificou o Centro de Análise e Operações Marítimas, órgão composto por oito países.

“Europa inundada”

Considerado uma das principais portas de entrada de drogas da Europa, Portugal também enfrenta o esquema de aliciamento de funcionários de aeroportos montado pelo PCC para atravessar o Atlântico com malas recheadas de cocaína em voos internacionais.

“A Europa está sendo inundada de cocaína da América Latina. Na Europa, [a droga] tem um valor elevado, então é um mercado que é atrativo para os traficantes, que fazem muito dinheiro. E, de fato, ela chega muito por via aérea”, afirmou em entrevista ao Metrópoles Artur Vaz, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária de Portugal (Uncte).

As investigações mostram que criminosos recebem dinheiro, em euro, para aliciar funcionários dos aeroportos em Lisboa, capital portuguesa, e na cidade do Porto, os principais destinos das drogas que saem da América Latina para o continente europeu.

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