Os 6 maiores crimes da história do Bitcoin no Brasil

O Bitcoin, desde sua criação em 2009, atrai tanto investidores quanto criminosos no Brasil. Isso porque, o fato do Bitcoin ter um imenso potencial de retorno, muitos golpistas a usam como chamariz para esquemas fraudulentos de pirâmides e outros crimes.

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Os crimes vão desde esquemas de pirâmide até lavagem de dinheiro envolvendo organizações criminosas. Apesar disso, esquemas e fraudes sempre existiram, principalmente no Brasil. A história ensina que, se não fosse com Bitcoin, poderia ser com qualquer coisa como ovos de avestruzes e bois gordos.

A péssima notícia, para os que querem usar o Bitcoin a fim de cometer crimes, é a tamanha facilidade em rastrear o dinheiro. Portanto, a tecnologia blockchain mostra na prática como os esquemas são mais fácil desmantelados quando envolvem Bitcoin.

Com base em dados históricos e reportagens, o BlockTrends listou os seis maiores crimes relacionados ao Bitcoin no Brasil. Destacando os escândalos que marcaram o mercado cripto e trouxeram lições importantes sobre segurança e regulação.

1 – G.A.S. Consultoria: O “Faraó dos Bitcoins” e o esquema de pirâmide em Cabo Frio (R$ 38 bilhões)

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Conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”, Glaidson Acácio dos Santos, um ex-garçom de Cabo Frio (RJ), fundou a G.A.S. Consulting & Technology, que prometia retornos de 10% ao mês com investimentos em Bitcoin.

A empresa, que operava um esquema de pirâmide, atraiu milhares de investidores na região, apelidada de “Novo Egito” devido à febre de criptomoedas.

Outrora vestindo terno, bíblia em mãos e cercado por símbolos de prosperidade, Gladson misturava fé, marketing e promessas de lucros de até 10% ao mês em aplicações cripto. Ademais, ele começou pequeno.

Com uma base majoritariamente formada por fiéis e pequenos investidores do interior do Rio de Janeiro, o esquema ganhou proporções bilionárias em poucos anos.

Segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, Gladson movimentou mais de R$ 38 bilhões, usando parte dos recursos para bancar uma vida de luxo: carros de luxo, mansões, helicópteros e até shows privados com artistas famosos.

O caso expôs a vulnerabilidade de investidores a promessas de lucros irreais e impulsionou debates sobre a necessidade de regulação no mercado cripto brasileiro.

A queda do Faraó

Em 2021, a Polícia Federal desmantelou a operação, que movimentou cerca de R$ 38 bilhões e lesou 67 mil pessoas. Glaidson foi preso com R$ 7 milhões em dinheiro vivo enquanto tentava fugir de helicóptero. Glaidson foi condenado a 97 anos de prisão em 2023, mas o impacto financeiro e emocional nas vítimas permanece.

Além de Gladson, sua esposa também foi cúmplice. A venezuelana Mirelis Diaz Zerpa foi presa em Chicago, nos Estados Unidos, por permanecer ilegalmente no país em 2025, após quatro anos da prisão preventiva do seu marido faraó.

Apesar de ostentar liberdade nas redes sociais, já havia um mandado de prisão contra ela. Expedido pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Mirelis era ativa nas redes sociais, onde mostrava uso da IA nas artes, além de postar textos motivacionais. Ela também investia na carreira de DJ.

2 – Primeiro Comando da Capital (PCC): lavagem de dinheiro com criptomoedas (R$ 1 bilhão)

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Em agosto de 2024, a Operação Decurio da Polícia Civil de São Paulo revelou que o PCC, a maior facção criminosa do Brasil, usava criptomoedas para lavar dinheiro do tráfico de drogas.

A investigação começou com a prisão de Fabiana Manzini, esposa de Anderson Manzini, um líder do PCC, e culminou na prisão de 13 suspeitos e no congelamento de contas bancárias com mais de R$ 1 bilhão. O grupo criou uma estrutura bancária não autorizada para converter lucros ilícitos em Bitcoin, dificultando o rastreamento.

O caso destacou o uso crescente de criptomoedas por organizações criminosas no Brasil, onde a falta de regulação facilita a lavagem de dinheiro. A operação foi um marco na luta contra o crime organizado, mas também reforçou a necessidade de supervisão mais rigorosa no setor cripto.

Por meio da apreensão de cartas, documentos e aparelhos eletrônicos, os investigadores identificaram diversos membros do bando e conseguiram os mandados expedidos pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Direitos da Capital.

No decorrer das investigações, as equipes ainda descobriram um esquema com Bitcoin, feito pela organização criminosa, para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas. Além disso, a polícia identificou na época um projeto de infiltração de integrantes da quadrilha nas eleições municipais.

3 – Ronald Roland: esquema de lavagem de dinheiro com investimentos em cripto (milhões de reais)

Em julho de 2024, Ronald Roland foi preso como líder de um esquema que usava investimentos em criptomoedas para lavar lucros criminosos.

A operação, desmantelada pela Polícia Federal, movimentou milhões de reais ao atrair investidores com promessas de retornos altos, enquanto os fundos eram usados para ocultar dinheiro de atividades ilícitas. Roland, que já tinha antecedentes por fraudes, operava uma corretora fictícia que simulava negociações de Bitcoin.

Segundo as investigações, Roland é um narcotraficante que foi responsável pelo envio de drogas do Brasil para países da América do Sul e América Central, com o auxílio dos cartéis mexicanos.

A prisão do narcotraficante aconteceu somente graças à sua mulher, que ostentava nas redes sociais e acabou por revelar sem querer a localização dele e da filha. Foi a segunda vez que Roland foi preso, a primeira foi em 2019, também por causa de sua mulher na época.

Além disso, Ronald já havia sido alvo da Operação Dona Bárbara, em 2015. Anteriormente, a operação desmantelou atividades de narcotraficantes brasileiros vinculados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

4 – Antônio Vinícius Lopes Gritzbach: assassinato e conexões com o PCC

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach

Em novembro de 2024, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, um empresário do setor cripto acusado de lavagem de dinheiro, foi assassinado no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Gritzbach havia feito um acordo de delação premiada com promotores para revelar suas conexões com o PCC, o que o tornou alvo da facção. Ele foi morto a tiros em um ataque que deixou três pessoas feridas, e a Polícia Civil ainda investiga o número de atiradores envolvidos.

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era empresário do ramo imobiliário e lavava dinheiro de integrantes do Primeiro Comando da Capital. Gritzbach foi acusado pelo MPSP pelo assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta” e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”. Ele teria planejado o crime com o agente penitenciário David Moreira da Silva.

Na denúncia contra os dois acusados, o Ministério Público diz que Gritzbach trabalhava com imóveis e operações com bitcoins. Além disso, que após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima.

Cara Preta suspeitou que o empresário estava roubando parte dos valores investidos por ele. Portanto, o integrante do PCC teria começado a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.

O assassinato chocou o mercado cripto brasileiro, mostrando os riscos de envolvimento com organizações criminosas.

5 – Atlas Quantum: o colapso de uma plataforma de investimento (R$ 1 bilhão)

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A Atlas Quantum, fundada por Rodrigo Marques, prometia lucros diários com um suposto robô de arbitragem de Bitcoin. Em 2019, a empresa, que chegou a ter 200 mil clientes e movimentar R$ 1 bilhão, parou de pagar os investidores, alegando problemas técnicos.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já havia proibido a Atlas de oferecer investimentos, mas a empresa continuou operando até entrar em colapso. Marques fugiu para o exterior, e os investidores ficaram com prejuízos estimados em R$ 1,5 bilhão.

O caso da Atlas Quantum foi um dos primeiros grandes escândalos de criptomoedas no Brasil, levando a CVM a intensificar a fiscalização de plataformas de investimento. Muitos investidores perderam suas economias, e o caso serviu como alerta sobre os riscos de plataformas não regulamentadas.

A plataforma chegou a gerenciar até 15.000 BTC de mais de 200 mil investidores do mundo todo.

Marques fundou a Atlas Quantum em 2017, e a plataforma cresceu rapidamente ao prometer rendimentos de 0,10% ao dia por meio de arbitragem automatizada entre exchanges. A empresa alegava operar com algoritmos capazes de explorar diferenças de preço do Bitcoin em diferentes plataformas globais.

No entanto, em 2019, a empresa enfrentou graves problemas financeiros, resultando na suspensão de saques e em prejuízos para milhares de investidores.

CVM entra em cena

Desse modo, o que aconteceu foi que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entrou em cena e decidiu no dia 13 de agosto de 2019, proibir a empresa de continuar negociando por atuar sem autorização. Foi o início da queda da Atlas como uma pirâmide financeira.

Após a decisão da CVM, a Atlas passou a impedir que seus clientes realizassem o saque de seus investimentos em bitcoins. A empresa então criou a “própria criptomoeda”, chamada bitcoin quantum. Contudo, para infelicidade dos clientes seu preço era imensamente abaixo do bitcoin.,

Mesmo assim, a pirâmide converteu os investimentos de seus clientes em sua nova moeda sem manter a valorização acumulada, causando a perda imediata dos supostos rendimentos dos investidores.

Rodrigo Marques fugiu, mas chegou a ser convocado na CPI das pirâmides financeiras em 2022 na condição de investigado. A última vez em que foi visto, Marques estava esbanjando uma vida de luxo pelas ruas da Califórnia (EUA), conforme relatou o Livecoins em 2024.

De acordo com o Grupo da Operação Valquíria, que localizou seu paradeiro, ele vive nos Estados Unidos há três meses, em uma mansão.

Anteriormente, ele já havia sido localizado em uma mansão próxima de Barcelona (Espanha), onde residiu por alguns anos. Por lá ele também vivia com luxo e dirigia até uma McLaren pelas ruas.

6 – Braiscompany: a pirâmide que lesou 10 mil pessoas (R$1,5 bilhão)

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A Braiscompany, sediada em Campina Grande (PB), prometia rendimentos de 8% ao mês com operações de aluguel de criptomoedas. Entre 2022 e 2023, a empresa captou cerca de R$ 1,5 bilhão de 10 mil investidores, mas parou de pagar os saques em fevereiro de 2023.

Antônio Inácio da Silva Neto e sua esposa, Fabrícia Campos, fugiram para a Argentina, onde foram presos em maio de 2023. A Polícia Federal estima que o casal desviou os fundos para contas no exterior, usando Bitcoin para ocultar os lucros.

A condenação do casal veio pela 4ª Vara da justiça federal em Campina Grande, na Paraíba. Somadas as penas de Antônio e Fabrícia superam 150 anos de prisão.

O escândalo da Braiscompany reforçou a necessidade de educação financeira para investidores, já que o chamariz para muitos foi promessas de lucros exorbitantes. O caso também acelerou a implementação do Marco Legal das Criptomoedas, que entrou em vigor em 2023, visando maior proteção aos investidores.

Portanto, vale sempre lembrar que esquemas de pirâmide, como os da G.A.S. Consulting e da Braiscompany, exploram a falta de educação financeira, atraindo vítimas com promessas de lucros irreais.

O Marco Legal das Criptomoedas, aprovado em 2022 e em vigor desde 2023, foi um passo importante para trazer mais segurança ao setor, mas sua implementação ainda enfrenta desafios.

Um estudo da Sherlock Communications de 2024 revelou que 78% dos brasileiros apoiam mais regulamentação, desde que não restrinja a adoção de criptoativos.

Enquanto isso, a educação financeira permanece crucial para proteger os 25 milhões de brasileiros que investem em criptomoedas, conforme apontado pela pesquisa Datafolha.

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