Qual impacto da redução no número de casos de dengue nas empresas do setor de saúde?

Rede D'OR - São Luiz - Jabaquara (SP)

Após um forte aumento nos casos de Dengue no primeiro semestre de 2024, o Goldman Sachs observa uma normalização dos volumes, levando a uma queda acentuada de 75% ano a ano, considerando o mesmo ritmo de novos casos de 22 de março até o fim do mês.

Mesmo com a baixa complexidade associada ao tratamento da dengue (portanto, sem grande contribuição para o mix dos hospitais), o banco americano destaca que a doença favoreceu a taxa de ocupação de leitos hospitalares no ano passado.

Leia também

Ibovespa Ao Vivo: Bolsa sobe em dia de oscilação, de olho nas tarifas nos EUA

Índices nos EUA recuam na expectativa por mais clareza sobre tarifas do governo Trump

Nesse contexto, analistas acreditam que a magnitude da queda nos casos de dengue (supondo que os dados nacionais reflitam corretamente a tendência operacional dos hospitais listados) pode representar um obstáculo para a rentabilidade de curto prazo de empresas como Rede D’Or (RDOR3) e Mater Dei (MATD3), dado que ambas reportaram altas taxas de ocupação no primeiro semestre do ano passado.

Se 2025 seguir a sazonalidade histórica, o Goldman espera um comportamento semelhante de queda anual de casos no 2T25. A Rede D’Or registrou uma taxa de ocupação recorde de 84,4% no 2T24, parcialmente impulsionada pela dengue e por um volume anormal de outras doenças sazonais.

Dado o caráter de alavancagem operacional do setor, analistas observam que essa tendência contribuiu para a margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita) da Rede D’Or, que expandiu 60 pontos-base (bps) ano a ano no 1S24 em relação ao 1S23. Por outro lado, eles reconhecem que é difícil isolar o impacto da dengue de outras variáveis que influenciaram essa expansão de rentabilidade.

Na avaliação do banco, essa base de comparação desafiadora para a margem da empresa, somada à recente (e contínua) adição de novas capacidades, pode neutralizar a tendência saudável de precificação da Rede D’Or no nível de rentabilidade no primeiro semestre deste ano.

“Pode-se argumentar que o efeito oposto poderia ser esperado para a sinistralidade médica dos planos de saúde (MLR), mas faltam dados mais detalhados para entender a relevância disso nos custos de sinistros de empresas como Hapvida (HAPV3) e SulAmérica”, pontua o Goldman.

Ainda assim, considerando o baixo custo do tratamento de um paciente com dengue, é razoável assumir que a pressão sobre a rentabilidade da Rede D’Or pode ser parcialmente compensada pelo impacto na SulAmérica.

Casos por região

O banco destaca que houve uma variação na queda dos casos entre as diferentes regiões do país (exceto na região Norte, que representa apenas 2% dos casos). Na região Sudeste, os casos de dengue caíram 71% no 1T25, comparado a 74% para o Brasil. Curiosamente, dentro do Sudeste, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentaram quedas ainda mais expressivas (-91%), enquanto São Paulo registrou uma redução de 31%.

No entanto, o banco ressalta que São Paulo teve um pico mais tardio de casos de dengue no ano passado (1,33 milhão de novos casos no 2T24 contra 722 mil no 1T24), o que impede, por ora, uma conclusão definitiva sobre uma incidência relativamente maior da doença no estado em 2025 em relação aos demais.

The post Qual impacto da redução no número de casos de dengue nas empresas do setor de saúde? appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.