UE diz ter “plano forte” para retaliar as tarifas impostas por Trump

A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou, nesta terça-feira (1/4), que a União Europeia tem um “plano forte” para retaliar as tarifas impostas por Donald Trump. No entanto, destacou que o bloco prefere negociar com os EUA do que ampliar a guerra tributária.

Ao se dirigir ao Parlamento Europeu nesta terça-feira, Ursula Von der Leyen disse que os próximos setores a enfrentar tarifas seriam semicondutores, produtos farmacêuticos e madeira. A chefe disse que muitos europeus se sentiram “completamente desanimados” com os anúncios dos EUA.

“A Europa não começou esse confronto. Não queremos necessariamente retaliar, mas se for necessário, temos um plano forte para retaliar e o usaremos”, disse Ursula.

O cenário com a União Europeia e Donald Trump está longe de ser melhor. Como resposta às tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos EUA, o bloco ameaçou aplicar taxas de 50% sobre o uísque norte-americano e afirmou que imporia contramedidas em até 26 bilhões de euros (R$ 160 bilhões) em produtos dos EUA, o que incluiria a reimposição de tarifas sobre US$ 4,5 bilhões em produtos dos EUA, como jeans e motocicletas Harley-Davidson, que foram suspensas durante a presidência de Joe Biden.

No entanto, dia 20 de março a UE anunciou que irá adiar para abril a sua retaliação ao tarifaço sobre aço e alumínio imposto pelo presidente dos Estados Unidos ao grupo.

Segundo o porta-voz da UE, Olof Gill, a decisão da Comissão Europeia é esperar a nova lista de tarifas que o governo norte-americano anunciou implementar no dia 2 de abril para, então, refinar a lista de produtos norte-americanos a serem tarifados.

“O objetivo da UE em adiar as tarifas é atingir o equilíbrio certo de produtos, levando em consideração os interesses dos produtores, exportadores e consumidores da UE. Só então os parceiros poderão se envolver em possíveis negociações”, explicou Gill.

O executivo da UE está consultando os estados-membros sobre uma segunda rodada de tarifas, no valor de cerca de € 18 bilhões, que abrangeriam aço, alumínio, aves, carne bovina, frutos do mar e nozes.

Porém, o conselho está enfrentando pressão das principais cidades europeias que temem por seus interesses particulares.  A França, por exemplo, está preocupada com o impacto nos vinhos e destilados franceses se a comissão mirar o bourbon americano.

As autoridades da UE não descartaram medidas retaliatórias sobre serviços dos EUA, como a suspensão de direitos de propriedade intelectual. Nesse caso, a retaliação poderia mirar empresas de tecnologia, bancos e provedores de serviços financeiros dos EUA.

“A Europa tem muitas cartas. Do comércio à tecnologia, ao tamanho do nosso mercado. Mas essa força também é construída em nossa prontidão para tomar contramedidas firmes, se necessário”, afirmou Ursula.

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