Multimercados reduzem risco no Brasil e reforçam apostas em juros dos EUA, diz XP

Os fundos multimercados macro no Brasil ajustaram as alocações em resposta ao cenário local e global. Eles aumentaram a posição na queda do real frente ao dólar e adotaram postura defensiva com o Ibovespa. Ao mesmo tempo, reduziram a exposição ao S&P 500 e ampliaram as apostas em títulos de longo prazo nos Estados Unidos.

É o que mostra o relatório  Macro Funds Positioning Monitor, divulgado nesta semana pela XP. O levantamento considera fundos com um valor total de mercado de cerca de R$ 92 bilhões, o que representa 80% do patrimônio do setor.

“Os coeficientes estimados em janelas mais curtas continuam indicando posicionamento leve em ativos locais, com o kit Brasil (câmbio, títulos prefixados e ações locais) ainda em torno de zero nessas métricas”, escreveram os estrategistas macro André Buzzini e Victor Scalet.

Ao mesmo tempo, disseram os especialistas, a exposição ao S&P 500 foi reduzida, enquanto gestores esperam novos sinais do mercado, e os fundos aumentaram a aposta no achatamento da curva de juros nos Estados Unidos, comprando títulos de 10 anos (T10Y) e vendendo os de 2 anos (T2Y)

Essa estratégia significa que eles estão posicionados para lucrar com a redução da diferença entre os juros de curto e longo prazo, refletindo a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) reduzirá os juros no futuro.

Na reunião de março, o Comitê de Política Monetária dos EUA (Fomc, na sigla em inglês)  manteve a taxa na faixa de 4,25% a 5,50% ao ano, mas indicou dois cortes até o final do ano diante do cenário de desaceleração do crescimento econômico e possível redução da inflação.

• Leia mais: Fed mantém juros, conforme esperado, e projeta dois cortes nas taxas em 2025

Resgates

O relatório também aponta um movimento significativo de saídas nos fundos. Desde o início de 2024, os produtos da amostra registraram resgates líquidos de R$ 67,7 bilhões, o equivalente a 47% do patrimônio sob gestão no final de dezembro de 2023. Desde o começo de 2023, os resgates líquidos somam R$ 99,5 bilhões, ou 61% do patrimônio que esses fundos administravam no encerramento de 2022.

• Em fevereiro, segundo a Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de investimento no Brasil registraram resgates líquidos de R$ 44,1 bilhões, impulsionados principalmente pelos multimercados, que tiveram saídas de R$ 24,5 bilhões. As maiores retiradas ocorreram nos tipos Multimercados Livre (R$ 14,9 bilhões), Multimercados Investimento no Exterior (R$ 4,8 bilhões) e Multimercados Macro (R$ 4 bilhões).

• Leia mais: Multimercados puxam saídas, e fundos têm resgate líquido de R$ 44,1 bi em fevereiro

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