Placa da América do Norte está afundando dentro do manto da Terra

Geocientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, detectaram que partes do subsolo mais profundo do país estão se desprendendo da crosta terrestre e mergulhando no manto de lava que há no interior da Terra.

As observações apontam que rochas antigas da camada mais inferior do cráton, que formam a base onde os continentes “flutuam”, estão se desprendendo e mergulhando no manto.

O estudo, publicado na revista Nature Geoscience em 28 de março, revela o primeiro registro feito em tempo real deste tipo de atividade, conhecida como afinamento cratônico, um fenômeno que até então era pensado apenas como teoria.

O processo ocorre no Centro-Oeste dos EUA, desde o Kansas até Chicago, onde remanescentes da placa tectônica de Farallon, que cientistas estimam que submergiu há 200 milhões de anos, ainda influenciam o fluxo do manto.

Um continente que escorre lentamente

Crátons são conhecidos por sua estabilidade de bilhões de anos, mas eventos como esse mostram que as placas podem sofrer transformações profundas que ressoam por muito tempo. Os dados do projeto EarthScope revelaram que materiais estão sendo “arrancados” da base continental como um funil, sugerindo que as rochas estão sendo engolidas lentamente.

“Esse tipo de informação é importante se quisermos entender como um planeta evoluiu ao longo do tempo. Isso nos ajuda a entender como são feitos os continentes, como são quebrados e como são reciclados [na Terra]”, explicou Thorsten Becker, coautor do estudo, em comunicado da universidade.

A Placa Farallon, localizada a 600 km de profundidade, parece redirecionar correntes do manto e liberar compostos que enfraquecem a rocha cratônica. Ao afundar, ela faz que o manto circule mais intensamente na crosta terrestre sobre ela, acelerando a decomposição desta faixa rochosa. Quando simulada em computador, sua presença desencadeou o gotejamento e sua remoção virtual interrompeu o processo.

Mapa estados unidos região que está afundando 2

Sem riscos imediatos nos Estados Unidos

Apesar da imagem alarmante, os pesquisadores garantem que não há perigo de colapso continental ou mudanças abruptas na superfície em consequência do afundamento. “Os processos do manto são muito, muito lentos”, afirma Junlin Hua, coautor do estudo. O fenômeno deve cessar naturalmente conforme a Placa Farallon afunda além do alcance de influência.

O mapeamento sísmico detalhado — que exigiu algoritmos avançados de análise de ondas — mostrou que o afinamento afeta uma área extensa que cobre a maior parte dos Estados Unidos e Canadá, embora concentrado em regiões específicas.

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