Turismo nos EUA pode ficar em risco com tarifas e guerra comercial de Trump

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Donaldson Trump, presidente dos EUA (Divulgação/Library of Congress)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um novo pacote de tarifas sobre produtos importados de diversos países. Embora não incidam diretamente sobre o setor de turismo, os impactos indiretos podem tornar os EUA um destino mais caro e menos atrativo para estrangeiros.As medidas incluem uma tarifa mínima de 10% para produtos importados, uma taxa de 25% sobre carros estrangeiros e tarifas adicionais que podem chegar a 50%, dependendo das barreiras comerciais e de outros critérios adotados pelo governo dos EUA.

Especialistas alertam para os riscos. “As políticas de Trump podem reduzir pela metade o crescimento do turismo nos EUA”, disse Seth Borko, chefe de pesquisa da Skift Research. Segundo ele, a guerra comercial e as mudanças nas regras de imigração aumentam a incerteza e podem desestimular viagens ao país.

O setor hoteleiro também sente os efeitos. O aumento no custo de materiais de construção, móveis e equipamentos pode encarecer novos empreendimentos. “Se as tarifas elevarem os custos, os desenvolvedores podem enfrentar obstáculos financeiros que atrasam projetos”, escreveu Pranavi Agarwal, analista da Skift Research.

Por outro lado, algumas redes de hotéis de estadia prolongada veem oportunidades no possível aumento da demanda por hospedagem temporária, caso a manufatura seja transferida para os EUA.

A aviação já percebe mudanças. O CEO da United Airlines, Scott Kirby, afirmou que a companhia registrou uma “queda significativa” no número de passageiros canadenses viajando para os EUA. A Boeing, apesar de não prever impacto imediato nas encomendas, alertou para possíveis dificuldades na obtenção de peças. Já o CEO da Airbus, Guillaume Faury, indicou que pode priorizar entregas para outros países se as tarifas dificultarem os negócios nos EUA.

O sentimento nacionalista impulsionado pela retórica agressiva de Trump também afeta o turismo. “Os consumidores canadenses nos deixaram claro que não acham apropriado promover viagens aos EUA neste momento”, disse Kevin Jackson, presidente da Porter Airlines.

Na Europa, o CEO da Accor, Sébastien Bazin, afirmou que as reservas de verão para os EUA caíram 25%, refletindo a imagem negativa gerada pela disputa comercial. Os gastos com turismo também mostram sinais de queda. Um relatório do Bank of America apontou que as despesas com hospedagem e serviços turísticos nos EUA estão 2,5% abaixo dos níveis do ano passado, enquanto os gastos com passagens aéreas caíram 6%.

Analistas da Skift Research destacam que os 15% mais ricos da população são responsáveis por 40% do consumo turístico no país, e uma queda no mercado financeiro pode levar esse público a reduzir suas viagens.

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