Consultas gratuitas promovem atenção à saúde prisional em Novo Hamburgo

Desde 2022, uma parceria promove o acesso à saúde a 280 pessoas privadas de liberdade. O Instituto Penal de Novo Hamburgo (IPNH), juntamente do curso de Medicina da Universidade Feevale, estão oferecendo consultas médicas gratuitas supervisionadas por docentes. São os acadêmicos da disciplina de Cenários de Aprendizagem em Atenção à Saúde que prestam o atendimento.

CLIQUE AQUI PARA FAZER PARTE DA COMUNIDADE DE NOVO HAMBURGO NO WHATSAPP

“O objetivo é associar o acesso à saúde do apenado ao ensino e pesquisa, contribuindo com a comunidade acadêmica. Ainda, a presença do ambiente universitário contribui positivamente para a inclusão social e ressocialização”, afirma o diretor do Instituto Penal de Novo Hamburgo, Vinícius Guimarães Silva.

LEIA MAIS: Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis com 50% de desconto entra em vigor em Novo Hamburgo

O IPNH que buscou a parceria, instalando uma clínica-escola em suas dependências. O espaço é equipado com toda a estrutura necessária para garantir acolhimento completo e seguro aos pacientes.

Os atendimentos às pessoas que estão cumprindo regime semiaberto no IPNH ocorrem todas as sextas-feiras, da manhã até a tarde. Após as consultas, os acadêmicos discutem com os colegas e professores as suas experiências e os casos envolvidos.

Procura

As procuras por atendimento são, geralmente, para tratar de doenças crônicas, cardiovasculares, respiratórias, metabólicas, diabete e também das mais variadas queixas de dores. Sendo necessária a realização de exames, os pacientes são encaminhados para unidades de saúde, podendo também receber atendimento de especialista conforme a necessidade.

Em alguns casos também podem ser receitadas medicação, dispensadas pelo instituto. Em média, são dez atendimentos por dia, sendo orientados por dois grupos para cada turno. Cada equipe é formada por um professor médico e mais dez alunos.

CLIQUE AQUI PARA RECEBER NOSSA NEWSLETTER

Estudante do 7º semestre de Medicina, Edina Mentges, 24 anos, conta que é exigido muito estudo para saber conduzir cada consulta. “Aprendemos muito sobre doenças que são recorrentes ao sistema prisional, como tuberculose, DSTs e também psiquiátricas, além das crônicas que são mais comuns”, conta.

Saúde prisional

O acesso aos serviços de assistência à saúde à população privada de liberdade é um direito legalmente definido pela Constituição. Um dos problemas enfrentados pela efetivação dessa política pública é a condição do confinamento, que dificulta a busca por atendimentos. Dessa forma, ocorrem estratégias que garantem o acesso, como esta parceria entre universidade e sistema prisional.

A cada semestre, antes dos alunos chegarem ao IPNH, eles participam de quatro seminários teóricos sobre a realidade da saúde prisional no Brasil. “Além de dar acesso à saúde, garantindo um direito, a iniciativa reduz desigualdades. Os estudantes aprendem que não estão ali para julgar ninguém, mas que estão ganhando oportunidade para aprender em serviço, garantindo o direito à saúde dessas pessoas”, explica o professor do curso de Medicina da Feevale, Marcos Ambrosini Mendonça, que é médico de Família e Comunidade.

VEJA TAMBÉM: Refis começa a valer e devedores podem acertar as contas com a Prefeitura sem pagamento de juros e multas

O médico acredita que com a política nacional existente de atenção às pessoas privadas de liberdade, é possível também garantir incentivos em nível federal para que projetos como este que ocorre em Novo Hamburgo possam se expandir.

“Hoje o Governo Federal disponibiliza recursos aos municípios com a criação de equipes de saúde que prestam os atendimentos aos presídios. Com uma adesão dos gestores municipais, as cidades só têm a ganhar, é um incentivo no qual poder público e sociedade ganham”, comenta.