Le Pen evoca espírito de Martin Luther King Jr. em manifestação em Paris

Marine Le Pen fala com a mídia após conversar com o presidente francês Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu em Paris, em 25 de agosto (Benjamin Girette/Bloomberg)

A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, disse neste domingo que lutará pacificamente contra a proibição de concorrer a um cargo público por cinco anos e que se inspira no líder norte-americano dos direitos civis, Martin Luther King Jr., enquanto milhares de pessoas se reuniam em Paris para apoiá-la.

Um tribunal de Paris condenou Le Pen e duas dúzias de membros do partido Reunião Nacional (RN) na semana passada por desvio de fundos da União Europeia e impôs uma sentença que a impede de concorrer às eleições presidenciais de 2027 na França, a menos que ela consiga anular a decisão em 18 meses.

“Seguiremos Martin Luther King como exemplo”, disse Le Pen em uma aparição em vídeo para o partido anti-imigração italiano Lega, de Matteo Salvini, que estava realizando uma reunião em Florença.

“Nossa luta será uma luta pacífica, uma luta democrática. Seguiremos Martin Luther King, que defendeu os direitos civis, como exemplo.”

Os partidários de Le Pen agitaram bandeiras francesas e gritaram “venceremos” ao se reunirem no centro de Paris na tarde deste domingo para um protesto, o que pode dar uma indicação de quanto apoio popular existe para suas acusações de que os promotores do caso buscavam sua “morte política”.

A aposentada Marie-Claude Bonnefont, 79 anos, disse que era contra “essa paródia de uma decisão contra Le Pen”.

“Deveríamos realmente questionar a imparcialidade dos juízes”, disse outro manifestante, o estudante de ciências políticas Typhaine Quere, à Reuters.

Não houve estimativa imediata da polícia sobre a participação no protesto deste domingo, mas os organizadores disseram que cerca de 15 mil pessoas se reuniram.

LE PEN AINDA À FRENTE

A decisão do tribunal foi um duro golpe para Le Pen, 56 anos. A chefe do Reunião Nacional é uma das figuras mais proeminentes da extrema direita europeia e está na frente nas pesquisas para as eleições de 2027 na França.

Le Pen recorreu da decisão do tribunal e prometeu neste domingo usar todas as ferramentas e meios legais para poder concorrer em 2027. O tribunal disse que emitirá uma decisão sobre o recurso no verão de 2026.

Uma pesquisa de opinião realizada pela Elabe no sábado mostrou que Le Pen ainda é favorita para vencer o primeiro turno da votação presidencial, com apoio entre 32% e 36%, à frente do ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, que tem entre 20,5% e 24% das intenções de voto.

No entanto, os ataques de Le Pen e seus aliados sobre a “tirania dos juízes” não ganharam força, mesmo entre alguns de seus apoiadores, principalmente depois que o juiz principal em seu caso foi colocado sob proteção policial após ameaças de morte.

A maioria dos franceses não vê nenhum problema com a decisão do tribunal.

Cerca de 65% dos entrevistados disseram que “não ficaram chocados” com o veredicto e 54% disseram que Le Pen foi tratada como qualquer outro réu, de acordo com uma pesquisa da Odoxa.

Do outro lado da cidade, na Place de la Republique, partidários de partido de esquerda se reuniram em uma contra-manifestação para protestar contra os ataques de Le Pen ao Estado francês.

Políticos centristas, incluindo dois ex-primeiros-ministros, Gabriel Attal e Philippe, também se reuniram no domingo para mostrar uma frente unida contra o RN.

“Vamos manter esse compromisso com a moralidade da vida política e com nossas instituições em um momento em que elas estão sendo desafiadas pela extrema direita, que está se reunindo hoje para atacar nossos juízes, para atacar nossas instituições”, disse Attal.

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