“A partir do 2º semestre de 2026 a cidade começa a respirar novos ares”, diz Finck ao avaliar primeiros 100 dias de governo

A semana que está começando marca a chegada dos primeiros 100 dias dos governos eleitos em 2024 e iniciados em 1º de janeiro. Na tradição política é quase que uma passagem, a transição da fase de “organizar a casa” para a de “velocidade máxima”. Historicamente até a oposição alivia as cobranças nos primeiros 100 dias.

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Gustavo Finck avalia seus primeiros 100 dias na Prefeitura de Novo Hamburgo | abc+



Gustavo Finck avalia seus primeiros 100 dias na Prefeitura de Novo Hamburgo

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Mas há exceções e o governo de Gustavo Finck (PP) é uma delas. Medidas polêmicas como a demolição de imóveis irregulares e o corte de verba da Orquestra de Sopros agitaram o eleitorado e municiaram adversários. Na entrevista que você lê a seguir, concedida quinta-feira (3), Finck repassa o começo do governo e fala inclusive de sua mudança para um dos endereços mais caros de Novo Hamburgo. O prefeito pediu que a entrevista não fosse gravada em vídeo.

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Sobre futuro, reforça que “2025 é um ano de contenção e de investirmos apenas nas áreas da saúde, educação e serviços essenciais” e avisa: “Acredito que a partir do segundo semestre de 2026 a cidade começa a respirar novos ares”.

Passagem de ônibus

Na campanha, Finck prometeu ônibus urbano com passagem de graça. Questionado sobre como está o assunto, diz que “é uma possibilidade a longo prazo”. “Estamos trabalhando para implantar ônibus elétricos. Estamos atuando para melhorar o transporte, trabalhando diretamente com a Viação Santa Clara (Visac). Hoje a tarifa técnica é muito alta, o Município precisa aportar quase metade da tarifa para os usuários. É essencial reduzirmos a tarifa por meio de ônibus elétricos para melhorar o serviço e, posteriormente, pensar na tarifa zero. Não se faz tarifa zero do dia para a noite.”

Volta da oncologia

Um dos compromissos assumidos na campanha foi retomar o atendimento oncológico pelo SUS em Novo Hamburgo. “A Prefeitura obteve apoio do governo estadual e fechou parceria com a Universidade Feevale para elaboração do projeto do prédio oncológico no Hospital Municipal, o Anexo 3. O objetivo é tornar a unidade referência para a região, com estrutura moderna e novas terapias. A oncologia vai voltar, acredito que em 2026 a gente já vai avançar nesse processo”.

Saúde pública

“Os primeiros 100 dias serviram para um diagnóstico da rede. Houve mudança na gestão das unidades, incluindo o cancelamento de contratos com terceirizadas, o que gerou economia. Investimentos estruturais também são necessários e a Prefeitura articula emendas parlamentares para reformas. As UPAs e o Hospital Municipal devem apresentar melhorias a partir do segundo semestre de 2025. Também está prevista a criação de um centro de diagnóstico na UPA Canudos.”

Venda da Comusa…

“Pedimos um estudo para avaliar a situação financeira. Quero ter o entendimento do que a Comusa pode entregar mais para a cidade e se nós vamos conseguir atingir os índices do Marco de Saneamento. Hoje a Comusa entrega bons serviços, mas precisamos ter avanços. Eu não posso passar janeiro, fevereiro e março recebendo reclamação de falta de água. São investimentos pesados e precisamos saber se a Comusa tem condições de fazer esses investimentos ou se teremos apoio da iniciativa privada.”

…e do hospital

“O Hospital Municipal opera com déficit entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões. Alternativas como terceirização da gestão também estão em análise. O Município não tem dinheiro para bancar. Hoje 60% dos recursos são repassados pela Prefeitura para custear o hospital, que é referência regional. Está errado isso. Ou a gente faz um levantamento com todas as cidades e divide a conta, ou vamos ter que buscar recursos federais e estaduais e, se necessário, vamos articular com a iniciativa privada para resolvermos esses problemas.”

Calamidade financeira

Na comparação com as outras duas maiores cidades da região – São Leopoldo e Canoas –, Novo Hamburgo é a que diz enfrentar a menor dívida. Diferente dos outros prefeitos, Finck optou pelo decreto de calamidade financeira. Questionado, diz que “cada prefeito tem a responsabilidade com o seu município e cada um age da maneira que acredita que deve fazer. Novo Hamburgo escolheu cortar eventos festivos, outros municípios não. Cada um sabe onde doem os seus problemas”. “Nossas contas são realmente graves. Estamos pagando em dia o Ipasem, que gerava um acréscimo de juros quando se fazia o reparcelamento. Eu penso primeiro em Novo Hamburgo”.

Revisão do IPTU

Conforme prometido na campanha, Finck garante que vai cancelar a última das cinco parcelas da correção da planta de valores de imóveis aprovada em 2021 na Câmara. “A proposta é fazer somente a atualização monetária, que já é bastante. Estamos vendo a parte legal com a Procuradoria para, em julho ou agosto, informarmos à comunidade.” Clique aqui para saber mais sobre o IPTU em Novo Hamburgo.

Orquestra

“Tivemos quatro encontros [com os representantes da Orquestra de Sopros] e sempre buscamos falar a verdade. Fizemos muito esforço para manter os sete núcleos da Orquestra Jovem, que custam R$ 620 mil por ano. Nunca foi cogitado fazer o cancelamento dos núcleos. Nós tínhamos que escolher entre manter a orquestra de adultos ou a Orquestra Jovem e decidimos manter neste primeiro ano a Orquestra Jovem.”

Ito agora é aliado?

No fim do ano passado, ainda como vereador, Finck teve embates com o colega de Legislativo Ito Luciano (Podemos), que agora estaria se aproximando do governo. “As disputas são políticas e não pessoais. Quando eu falo em ‘acabar com era dos Luciano’ é sobre a destinação de CCs sem ter relação partidária, que eram indicações de vereadores. Sobre a indicação da pasta de Esporte, falei com o vereador Eliton Ávila, presidente do Podemos, e coloquei à disposição a indicação de nome. É a única pasta que ainda está sem titular. Pedi que eles escolhessem esse secretário, nos indicassem dois ou três nomes ou um de consenso. Não é Ito que vai indicar, é uma decisão do partido. Minha relação com o Ito é republicana, de respeito e de construção para a cidade.”

Fernandinho é governo?

Na campanha, Finck criticou adversário apoiado pelo então vereador Fernandinho Lourenço (SD) – mais votado, mas que não se elegeu porque o partido não atingiu o quociente eleitoral –, porém agora vem contando com a ajuda do político. “Ele [Fernandinho] não tem papel nenhum na gestão. É uma pessoa que tem relação com a comunidade de Canudos, assim como outros vereadores e ex-vereadores, e que se colocou à disposição para poder ter esse diálogo aberto com a comunidade. Mas não tem relação nenhuma com o governo, não tem cargo no governo, nunca pediu cargo, o partido dele também nunca pediu nada”, disse Finck.

CC preso por tráfico

A prisão do então subsecretário de Obras Gilvânio da Silva, o Pantio, por tráfico de drogas, foi um momento delicado do governo. Pantio trabalhou na campanha de Finck em 2024. Pela primeira vez Finck comentou o assunto: “Pantio é um menino que está há bastante tempo na política, criado na Santo Afonso e que tem relações internas lá no bairro e a gente não sabe o que realmente aconteceu. Resolvemos exonerar para entender o que aconteceu. Então vamos ver o que acontece no processo contra ele para tomar uma decisão de continuidade ou não no governo.”

Compra de carros

Circula nas últimas semanas informação de que Finck teria comprado carro com dinheiro vivo em uma loja da cidade. Ele diz que é boato. “Tenho carro alugado há três ou quatro anos. Não tem nada de compra de carro com dinheiro vivo, muito menos de R$ 600 mil como ouvi por aí. Quem sabe um dia… Mas nem quero ter condições de comprar carro nesse valor, quero ter condições de comprar uma casa ainda. Como não tenho como comprar carro à vista, vou alugando. Foi uma opção de vida.”

Endereço na Maurício

Muito tem se falado nos bastidores sobre a mudança de Gustavo Finck para um apartamento na Avenida Maurício Cardoso, um dos mais caros endereços da cidade. Ele confirma. “Alugamos um apartamento para ter mais segurança para a família. Foi uma opção de vida também. Morava com meu sogro há 15 anos. Durante toda a campanha recebemos muitas ameaças, todas as agendas à noite eu ia com colete à prova de balas. Voltei a receber ameaças depois das notificações de desapropriações, inclusive a Polícia está sabendo disso, registrei ocorrência.”

Ajuda de empresários

Gustavo Finck vem sendo alvo de questionamentos sobre a moralidade de suposta ajuda que estaria recebendo de empresários. “Eu recebi sim apoio de empresários e até de prefeitos da região, mas isso não é relação de empreiteiras ou de empresas. São empresários que querem ver o melhor para a cidade e têm me apoiado. Sabem que não tenho outra fonte de renda, só salário como político. Não é muito dinheiro, mas me ajudou pagar as despesas que tive com a viagem para a Ásia.” Finck também disse que está pagando prestações da viagem.

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