“Não há alternativa ao dólar nos próximos 10 anos”, diz economista

Apesar das tensões comerciais provocadas pelas tarifas anunciadas por Donald Trump, o dólar deve continuar como a moeda predominante no comércio internacional. A avaliação é do economista e mestre em economia Roberto Dumas, durante entrevista ao programa BM&C News.

“Na minha opinião, o dólar vai continuar sendo a moeda predominante no comércio internacional“, afirmou Dumas. Segundo ele, não há, atualmente, nenhuma alternativa sólida para substituir a moeda americana, nem no curto nem no médio prazo.

Dumas explicou que o euro, por exemplo, carrega um “defeito de nascença” por ser um projeto mais político do que econômico. “Falta um federalismo fiscal. Você tem uma política monetária que pode atender à Alemanha, mas não atende à Croácia“, apontou o economista. Ele destacou ainda que, dentro da União Europeia, há diferentes curvas de juros para cada país, o que dificulta a estabilidade do bloco como um todo.

Além disso, Dumas lembrou do cenário político europeu, marcado pelo fortalecimento de líderes e partidos de direita que questionam a integração do bloco. “É importante ver como esses novos líderes vão tratar o conceito de ‘mais Europa’, porque a Europa precisa de mais integração, e não menos“, reforçou.

Quanto à China, o economista descartou a possibilidade de o yuan substituir o dólar como referência global. O principal motivo seria o controle do Partido Comunista sobre o sistema financeiro do país. “A conta capital do balanço de pagamentos da China é parcialmente fechada. Se eu faço um negócio e ganho 400 milhões de renminbi, o que eu faço com esse dinheiro? Não posso simplesmente colocá-lo na bolsa de Xangai“, exemplificou Dumas.

Ele também ironizou a possibilidade de uma moeda dos BRICS ganhar protagonismo: “Não vamos falar da moeda dos BRICS, que tem até o Irã participando. Não existe alternativa real ao dólar pelo menos nos próximos 10 anos.“

Mesmo com as políticas protecionistas dos Estados Unidos, Dumas acredita que a dominância do dólar continuará firme. “A despeito dessa guerra tarifária, o dólar seguirá dominante“, concluiu.

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