Para Crescente Vermelho palestino, Exército de Israel atirou ‘para matar’ em socorristas em Gaza

Familiares de alguns dos 15 trabalhadores humanitários mortos no ataque das forças israelenses durante o funeral em um hospital de Khan Yunis, em 31 de março de 2025, ao sul da Faixa de GazaEyad BABA

Eyad Baba

O Crescente Vermelho palestino afirmou, nesta segunda-feira (7), que os 15 trabalhadores humanitários mortos em Gaza no mês passado em um ataque israelense foram baleados “com a intenção de matar”.

O ataque, condenado pela comunidade internacional, ocorreu no sul da Faixa de Gaza em 23 de março, dias após o início de uma nova ofensiva israelense no território palestino.

“Autópsias foram realizadas nos mártires do Crescente Vermelho e nas equipes de defesa civil. Não podemos revelar tudo o que sabemos, mas direi que todos os mártires foram baleados na parte superior do corpo com a intenção de matar”, disse o presidente da organização, Younis Al Khatib, a repórteres em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

“Pedimos ao mundo que seja estabelecida uma comissão internacional independente e imparcial para esclarecer as circunstâncias do assassinato deliberado do pessoal de ambulâncias na Faixa de Gaza”, declarou.

O Exército israelense anunciou, nesta segunda-feira, que o chefe de Estado-Maior, Eyal Zamir, ordenou a abertura de uma “investigação em profundidade” sobre o incidente, depois que uma averiguação preliminar revelou que “as tropas abriram fogo porque perceberam uma ameaça”.

Na semana passada, o Exército israelense afirmou que seus soldados atiraram contra “terroristas” e “veículos suspeitos”, que avançavam em sua direção com as luzes apagadas.

No entanto, imagens recuperadas do celular de um socorrista morto e divulgadas pelo Crescente Vermelho parecem contradizer a versão israelense.

No vídeo, de seis minutos e 42 segundos, veem-se ambulâncias transitando com faróis e luzes acesos.

Entre os mortos, oito eram funcionários do Crescente Vermelho palestino, seis eram membros da Defesa Civil de Gaza e um trabalhava para a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (Unrwa), de acordo com a ONU e o Crescente Vermelho Palestino.

Os corpos foram enterrados perto do local do ataque, na região de Tal al-Sultan, na cidade de Rafah, no que o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (Ocha) descreveu como uma “vala comum”.

“Por que eles esconderam os corpos?”, questionou Khatib, referindo-se aos soldados israelenses envolvidos no ataque.

O porta-voz do governo israelense, David Mencer, afirmou, nesta segunda-feira, que entre os 15 mortos, seis eram milicianos do Hamas.

“O que terroristas do Hamas faziam em ambulâncias?”, questionou o porta-voz.

Khatib repudiou esta acusação e afirmou que Israel não conseguiu “demonstrar nem uma única vez em 50 anos que o Crescente Vermelho ou suas equipes portem ou usem armas”.

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