Projeções otimistas caem por terra: analistas cortam alvos do S&P 500 com tarifas

As casas de análise em Wall Street correm para revisar suas projeções para as ações dos EUA, diante do risco de que as tarifas amplas impostas pelo presidente Donald Trump desestabilizem a economia global.

John Stoltzfus, da Oppenheimer & Co. — até março, o mais otimista entre os estrategistas — foi o mais recente a cortar sua estimativa para o S&P 500 ao fim do ano, reduzindo a projeção de 7.100 para 5.950 pontos. Michael Wilson, do Morgan Stanley, alertou que o índice pode cair mais 7% a 8% caso o governo mantenha a postura firme sobre as tarifas.

Analistas do Evercore ISI, Goldman Sachs e Société Générale também reduziram suas projeções nos últimos dias.

Em nota divulgada na segunda-feira (7), Stoltzfus afirmou que o nível de incerteza “é difícil de aceitar pelos investidores” e citou uma “narrativa negativa que parece projetar desfechos ruins indefinidamente”.

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Mesmo com a revisão, a nova estimativa ainda implica em uma alta de 17% até o fim do ano. Ele destacou, no entanto, que executivos estão mais cautelosos. “Ainda que esperemos por bom senso nas negociações comerciais, a reação do mercado mostra a necessidade de ajustar expectativas no curto prazo.”

Os futuros do S&P 500 chegaram a recuar 5,4% na segunda-feira, caminhando para um mercado de baixa, após perdas superiores a US$ 5 trilhões em valor de mercado nos dois últimos pregões da semana anterior.

A queda foi provocada pelo anúncio de Trump da tarifa mais alta aplicada pelos EUA em um século: um imposto de 10% sobre todas as importações, com alíquotas mais elevadas para cerca de 60 países — incluindo China e União Europeia — em resposta aos desequilíbrios comerciais. A China prometeu retaliar, intensificando a guerra comercial e aumentando os temores de recessão global.

Na Europa, o Stoxx 600 chegou a cair 6,5%. Na Ásia, o índice MSCI teve queda de mais de 8%, no pior desempenho desde 2008. O índice de volatilidade CBOE — conhecido como o “medidor do medo” de Wall Street — ultrapassou os 60 pontos.

“O mercado ainda não precifica uma recessão, e a experiência de 2022 mostrou que os preços podem seguir caindo mesmo com alocações mais leves, diante do enfraquecimento dos fundamentos”, disse David Kostin, estrategista do Goldman Sachs. Os economistas do banco agora estimam 45% de chance de recessão em 12 meses.

Aposta no Fed

Investidores aguardam sinais de cortes de juros mais rápidos por parte do Federal Reserve. Na sexta-feira, Trump também pressionou o Fed a reduzir os juros, mas o presidente do banco central, Jerome Powell, afirmou que a instituição deve manter os juros estáveis enquanto avalia o impacto das tarifas sobre a inflação.

“Os investidores devem estar preparados para uma nova queda de 7% a 8% em relação ao fechamento de sexta-feira, caso não haja perspectiva de um ambiente comercial menos severo e o Fed continue parado”, escreveu Wilson, do Morgan Stanley. Segundo ele, uma queda nessa magnitude levaria o S&P 500 para perto da média móvel de 200 semanas, em torno de 4.700 pontos.

Julian Emanuel, do Evercore ISI, reduziu sua projeção de fim de ano para o S&P 500 para 5.600 pontos — cerca de 10% acima do fechamento de sexta-feira, que foi de 5.074. Antes, sua estimativa era de 6.800 pontos, uma das mais altas da Street, segundo dados da Bloomberg.

Emanuel também revisou para baixo as estimativas de lucro por ação do S&P 500 para 2025 e 2026, para US$ 255 e US$ 272, respectivamente.

“Reconstruir 80 anos de ordem econômica, geopolítica e institucional desde a Segunda Guerra em apenas 80 dias é um processo turbulento”, escreveu. “Fazer isso com a ‘marreta’ de uma tarifa maior do que a Smoot-Hawley dos anos 1930 só poderia gerar caos.”

©2025 Bloomberg L.P.

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