Café caro: produtor planta fruta, mas teme colher prejuízo. Entenda

A elevação nos preços do café nos últimos meses deu esperança de maior lucratividade para os produtores da fruta. No entanto, a expectativa agora está cercada por um clima de tensão no campo, uma vez que o produto tem se tornado alvo de ladrões.

Em dezembro de 2023, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o preço médio da saca de café de 60 quilos (kg) flutuava ligeiramente abaixo de R$ 1 mil e agora vale mais de R$ 2,5 mil, um incremento de 150%.

Pequenos furtos de café não são novidade em Minas Gerais e em São Paulo, conforme produtores ouvidos pelo Metrópoles. No entanto, agora o temor é que os preços atraentes do produto atraiam os olhares de criminosos mais estruturados, capazes de produzir grandes prejuízos.

Engenheiro agrônomo e consultor de café, José Romeu Aith Fávaro atende produtores, entre outras regiões, de Minas Gerais e de São Paulo. Ele conta que tem percebido um clima de “tensão” por parte dos produtores com a proximidade da colheita, a ser iniciada em algumas localidades a partir da segunda quinzena deste mês.

“Existe o receio de furto de frutos no pé, realmente, o que é mais difícil, mas isso pode acontecer. Existe a questão do fruto ensacado pronto para a venda. Tem muita gente que não tem o direito de guardar o café na propriedade. É um risco. Esse é o grande problema”, afirma Fávaro.

Diante do cenário, muitos produtores estão investindo em sistemas de monitoramento por meio de câmeras e sistemas de alarmes. Há casos também de grupos que estudam uma forma de contratar rondas noturnas nas lavouras, uma vez que até o café no pé está ameaçado por ladrões.

Gastos em segurança

Produtor de café com lavouras no interior de São Paulo, algumas delas no município de Piraju, Clair Dognani, foi uma das pessoas que se viram obrigadas a investir em segurança para tentar se proteger dos criminosos.

“São câmeras instaladas, no barracão tem alarme. Aí nas propriedades que não têm telefone, a gente colocou internet via satélite. Esse é um investimento que não é só para hoje”, explica ele ao afirmar que tenta organizar com outros produtores a contratação de uma empresa de vigilância para rondas noturnas nas plantações.

“A insegurança, diz ele, vai além da preocupação com os bens materiais. “Você imagina uma propriedade um pouco distante. Tem lá seis, oito funcionários que moram lá, vamos falar meia dúzia de famílias. A gente se preocupa.”

Minas Gerais

O presidente da Associação dos Cafeicultores do Campo das Vertentes (Acave), Gabriel Lamounier afirmou ao Metrópoles que há um clima de “tensão” entre os produtores de Minas Gerais. Ele afirmou conhecer relatos de pequenos furtos de maquinário e outros objetos em propriedades que plantam e beneficiam o fruto, mas agora o receio ganhou outra dimensão.

“Em função desse aumento histórico do preço do café, eu tenho presenciado uma apreensão com a segurança desses produtos aqui da nossa região. E acredito que o Brasil já tem visto também algumas notícias nesse sentido. Na verdade, é com roubo mesmo, de grão e de equipamentos também”, diz ele.

A reportagem procurou as secretarias de Segurança Pública de Minas Gerais e de São Paulo. A paulista não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto.

A instituição mineira foi procurada para informar estatísticas de crimes relativos ao café e indicar um porta-voz para uma entrevista com o intuito de explicar como acontecem os casos. No entanto, o retorno foi de que há um projeto “Campo Seguro”, por meio do qual há uma integração das forças de segurança.

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