China vê “chantagem” dos EUA e promete combater tarifaço “até o fim”

O ministério do Comércio chinês prometeu nesta terça-feira (8/4) combater as tarifas americanas “até o fim”, após a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor taxas adicionais de 50% sobre as importações chinesas.

As novas tarifas são severamente criticadas, até mesmo dentro do próprio partido republicano, e geram receios de uma recessão mundial. Muitos países buscam negociar as taxas. 

Para o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao (foto em destaque), é “um erro que se adiciona a outro erro”, referindo-se a uma verdadeira chantagem por parte dos Estados Unidos. “A China nunca aceitará isso e adotará contramedidas incisivas para proteger seus próprios direitos e interesses”, disse o ministro, que anunciou, ao mesmo tempo, medidas de apoio à economia interna.

Em resposta às novas tarifas americanas, Pequim revelou suas próprias taxas, de 34% sobre uma série de produtos americanos, que entrarão em vigor nestaa quinta-feira (10/4).

E Donald Trump, por sua vez, retorquiu, em uma mensagem publicada no Truth Social: ele ameaça aumentar as “tarifas” em mais 50%, a menos que a China retire imediatamente suas novas tarifas.

Até 104% de tarifas para a China

Se a medida for aplicada, as tarifas americanas chegariam a um total inédito de 104% sobre os produtos chineses. Washington justifica esses aumentos como represálias contra o tráfico de fentanil e os desequilíbrios comerciais persistentes.

Nos mercados, a tensão é palpável. Trump, por sua vez, minimiza o impacto, mas as consequências podem ser duradouras e os consumidores americanos podem ver os preços de muitos produtos subirem.

Pequim poderia, ainda, intensificar intercâmbios com outros parceiros, especialmente a União Europeia. A China, no entanto, insiste: não há “vencedores em uma guerra comercial” e o governo segue oficialmente aberto ao diálogo.

Um porta-voz do ministério chinês fez um apelo para que “as diferenças com a China sejam resolvidas por meio de um diálogo igualitário com base no respeito mútuo”.

Trump disse que já não quer se reunir com autoridades chinesas, mas que está disposto a negociar “acordos justos” com outros países, o que não significa que vai retroceder, ressaltou. Os mercados estavam atentos ao menor sinal de que a política de Trump seria flexibilizada, o que o presidente americano descartou.

Negociações intensas

A agitação diplomática para minimizar os efeitos das sobretaxas segue em ritmo frenético. Trump acusa os parceiros econômicos dos Estados Unidos de “saqueá-los” e impôs uma tarifa universal de 10% sobre a maioria de seus produtos importados, que entrou em vigor no sábado.

E para a próxima quarta-feira reserva sobretaxas ainda maiores para dezenas de parceiros comerciais importantes, principalmente a União Europeia (20%) e a China.

Da Ásia à Europa, os parceiros comerciais dos Estados Unidos tentam convencer Trump a aliviar as medidas.

A União Europeia propôs uma isenção tarifária total e recíproca para produtos industriais aos Estados Unidos, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Mas Trump considerou a oferta “insuficiente”.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirma ter chegado a um acordo com Trump para continuar as negociações.

Bangladesh, o segundo maior fabricante de vestuário do mundo, pediu a Washington que suspenda a aplicação de novas tarifas alfandegárias por três meses.

“Mais de 50 países” entraram em contato com o governo dos Estados Unidos”, disse à NBC o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. “Veremos se o que eles têm a oferecer é confiável”, acrescentou.

Na opinião do secretário, não é algo que possa ser negociado em “dias ou semanas”, então ele deu a entender que as tarifas podem permanecer em vigor por vários meses.

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