Gol fecha acordo com Boeing e destrava R$ 1,3 bilhão para credores

A Gol informou, na noite dessa segunda-feira (7/4), que fechou um acordo com a Boeing, gigante da aviação nos Estados Unidos, com a qual tem pedidos para 91 aeronaves do modelo 737 MAX fabricadas pela companhia norte-americana.

O acordo foi aprovado pelo Tribunal de Falências dos EUA e faz parte do processo de recuperação judicial da empresa, que se desenrola naquele país.

“A conclusão das negociações com a Boeing representa mais um marco nos objetivos gerais de reestruturação da Gol”, informou a companhia aérea brasileira em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Com o acordo, a Gol afirma que aumentará em pelo menos US$ 235 milhões (cerca de R$ 1,38 bilhão, pela cotação atual) a distribuição de capital aos chamados credores quirografários – que não têm garantia real para o pagamento de suas dívidas.

Qualquer aumento adicional dependerá de negociações envolvendo outros credores da Gol.

A companhia brasileira afirmou ainda que “reduzirá significativamente seu endividamento, convertendo em capital ou extinguindo até aproximadamente US$ 1,7 bilhão de sua dívida financiada antes do início do procedimento de Chapter 11 e até aproximadamente US$ 850 milhões de outras obrigações”.

O “Chapter 11” é um mecanismo jurídico nos EUA que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras – o equivalente à recuperação judicial no Brasil.

Em seu plano de reestruturação, a Gol prevê a conversão ou extinção de até US$ 1,7 bilhão em dívidas financiadas e de cerca de US$ 850 milhões em outras obrigações.

Fusão Gol-Azul

A Gol está negociando uma possível fusão com a Azul. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.

Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.

Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.

De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol assinado no dia 15, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.

A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.

A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.

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