Há cocaína vinda da Bolívia e maconha que custa R$ 30 mil o kg nas áreas das enchentes

A Polícia Civil apreendeu na sexta-feira (4) treze tijolos, contendo 7 quilos de maconha, durante uma ação no bairro Mato Grande, em Canoas, que incluíam a erva conhecida como “camarão”, considerada mais pura e, por isso, mais cara para a venda.

O delegado Alencar Carraro é diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc)



O delegado Alencar Carraro é diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc)

Foto: POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO

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A ação coordenada pela 4ª Delegacia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) visava apurar uma denúncia. No local, ninguém acabou preso, já que os criminosos fugiram no momento da chegada da polícia, mas além dos entorpecentes, foram apreendidos celulares, balanças e embalagens para fracionamento do ilícito.

Diretor do Denarc, o delegado Alencar Carraro explica que, apesar do nome diferente, a maconha chamada de “camarão” nada mais é que a própria flor da planta cannabis, segundo a Polícia Civil.

“Ela não é prensada e não tem outras substâncias adicionadas. Assim, é mais pura e cara do que a maconha prensada, que normalmente é apreendida em operações da Polícia Civil”, esclarece.

Conforme Carraro, vem sendo observada em Canoas, uma mudança, especialmente na área atingida pelas enchentes no ano passado, que vem sendo inundada de drogas e entorpecentes mais potentes.

Para se ter ideia, a macanha “camarão” chega a custar R$ 30 mil o quilo, aponta o delegado devido ao grau de pureza. Também é notada a presença de cocaína que vem de aviões da Bolívia.

“Há movimentações que nos preocupam nesta área de Canoas, porque as drogas circulando são mais fortes”, observa. “Estamos investigando e reforçamos as operações por meio da apuração de todas as denúncias que são passadas”.

O delegado lembra que o 08000-518-518 está à disposição da população para denúncias a qualquer hora. Todas as informações passadas para o telefone do Denarc são averiguadas, ele garante.

“Nosso pessoal sai à meia-noite e às três da manhã, se necessário”, afirma. “Já garantimos um ótimo número de prisões e apreensões graças a este monitoramento constante de todas as informações que chegam”.

Alta oferta

Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) publicada em dezembro do ano passado aponta que o mercado da ilegalidade atingiu o ápice nos últimos anos. A alta é motivada por um aumento na oferta diante da grande produtividade justamente na América Latina.

Conforme o delegado Alencar Carraro, o Denarc trabalha mirando as grandes apreensões e lideranças responsáveis pelos maiores carregamentos de drogas e entorpecentes trazido ao Estado.

Ele aponta que, no ano passado, uma ação da 2ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico garantiu a apreensão de 400 quilos de maconha em Sapucaia do Sul, durante uma abordagem a uma van branca.

“Trabalhamos mirando os grandes, porém sabemos que aquele intermediário que atua nas bocas causa estragos enormes”, frisa. “Por isso, mantemos as ações rápidas. Em Canoas, são duas ações por semana. E quase sempre as denúncias apontam Rio Branco, Mato Grande, Harmonia”.

Mudança no mapa do crime

As polícias mantêm atualizados mapas com as geografias do crime. Em Canoas, há, pelo menos, duas décadas, o traçado permanecia o mesmo. Isso até as enchentes que inundaram metade da cidade em maio do ano passado.

Na avaliação do experiente Alencar Carraro, embora sejam identificadas facções que há anos disputam à bala territórios na cidade, existem transformações em determinados territórios.

“Notamos que o quadro vem mudando desde o ano passado”, confirma o delegado. “Áreas em que antes atuavam duas facções contrárias, hoje existe uma. E onde antes havia um, hoje há duas. Isso incide em tiros e mortes. Por isso, a importância de estarmos sempre atentos e monitorando”.

Para o delegado, esta transformação está no cerne da mudança de “comportamento” observada, com drogas e entorpecentes mais potentes que vem invadindo os bairros de Canoas.

“Tem alguém acreditando no consumo de uma droga melhor nestas áreas. E os caras, pelo visto, estão pagando mais caro, porque se não estivessem comprando, a Polícia Civil não apreenderia”, conclui.

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