Hotelbeds acusa Voupra de calote e orienta brasileiros a buscarem reembolso

Mais de 2 mil reservas feitas por brasileiros para parques nos EUA, hotéis e experiências foram impactadas (Divulgação/Hotelbeds)

A distribuidora global de serviços de viagem Hotelbeds rompeu o contrato com a agência brasileira Voupra (também conhecida como YSA Operadora) após constatar que cerca de 2 mil reservas com datas de uso a partir de 8 de abril de 2025 não foram pagas, mesmo após diversos avisos e tentativas de negociação.

Os produtos incluem ingressos para parques temáticos, hotéis, aluguel de carros, experiências e transfers, em sua maioria localizados nos Estados Unidos. A Hotelbeds afirma que os consumidores finais foram lesados e orienta que todos os viajantes verifiquem se seus vouchers são válidos antes de embarcar.

“Os ingressos vendidos pela Voupra aos clientes não foram pagos à Hotelbeds e estamos em uma disputa legal com a empresa”, declarou a companhia em nota oficial. “Para evitar situações frustrantes, incentivamos os viajantes a entrarem em contato com a Voupra para restituição, além de solicitarem reembolsos ou cancelamentos ao provedor de pagamento.”

Produtos vendidos sem pagamento

A Hotelbeds esclarece que todos os produtos fornecidos por ela à Voupra com uso previsto a partir de 8 de abril não foram pagos e, portanto, podem ser considerados inválidos. “Os clientes precisam tomar cuidado com todos os ingressos vendidos pela YSA Operadora/Voupra”, alertam.

Segundo a empresa, não há possibilidade de garantir acesso aos parques ou hospedagens se os ingressos forem recusados na entrada. “Infelizmente, não temos como honrar os bilhetes não pagos. Estamos tomando medidas legais para esclarecer os fatos e responsabilizar os envolvidos”, diz o comunicado.

A Hotelbeds também confirma que não fornecerá reembolso direto aos viajantes, já que os valores foram pagos à Voupra. “A única que pode reembolsar os consumidores é a Voupra/YSA Operadora, que é quem ficou com o dinheiro dos consumidores finais.”

Central de atendimento e busca por reembolso

Como a Hotelbeds atua como intermediária B2B (business to business) e não vende diretamente ao público, ela afirma não ter como contatar os clientes impactados. “Solicitamos essas informações à Voupra, que falhou em sua obrigação contratual de informar os consumidores finais e fornecer uma alternativa satisfatória para eles”, diz a empresa.

Para ajudar os afetados, foi criada uma central de atendimento exclusiva no telefone +55 11 3197-5061, onde os viajantes podem verificar se suas reservas foram afetadas. A orientação é clara: entrar em contato com a própria agência Voupra e buscar soluções diretamente. Em paralelo, recomenda-se acionar bancos ou operadoras de cartão de crédito para tentar interromper pagamentos ou solicitar estorno das compras feitas.

Ação judicial e alerta às autoridades brasileiras

A Hotelbeds afirma que está tomando medidas legais contra a Voupra e já notificou autoridades de proteção ao consumidor no Brasil, incluindo o Procon e o site Reclame Aqui. A empresa também deixou claro que nunca enfrentou uma situação parecida com outras agências ao redor do mundo.

“Nunca tivemos problemas relacionados ao não pagamento de ingressos. Trabalhamos com dezenas de milhares de agências ao redor do mundo. Este é um caso isolado e grave de quebra contratual.”

E se a Voupra falir?

Caso a Voupra entre com pedido de falência antes de efetuar os reembolsos, a Hotelbeds afirma que não poderá representar os consumidores na Justiça. “Não temos o direito de reivindicar o reembolso em nome dos consumidores finais. Eles devem acionar diretamente a Voupra, que falhou com as obrigações contratuais.”

Impacto financeiro?

A Hotelbeds pertence ao grupo HBX, que abriu capital recentemente na bolsa da Espanha. Apesar da gravidade do caso, a empresa afirma que o episódio não deve impactar os resultados financeiros do grupo, por se tratar de apenas um cliente entre milhares. “A Hotelbeds continua confiante em sua base global de parceiros e seguirá operando exclusivamente como intermediária, sem vender diretamente aos consumidores finais.”