Prédio público abandonado há quatro anos abrigará oito ONGs de Novo Hamburgo

O antigo prédio da Justiça do Trabalho de Novo Hamburgo foi oficialmente cedido à Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) SOS do Bem NH nesta terça-feira (8). O espaço será transformado em um centro de ações sociais e culturais no município. Localizado na Rua Três de Outubro, no bairro Pátria Nova, o imóvel pertence à União e estava sem uso há quatro anos, desde a transferência da Justiça do Trabalho para outro endereço.

Assinatura do termo de guarda provisória e entrega das chaves à Oscip SOS do Bem NH ocorreu nesta terça-feira (8) | abc+



Assinatura do termo de guarda provisória e entrega das chaves à Oscip SOS do Bem NH ocorreu nesta terça-feira (8)

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Ao menos oito ONGs de diferentes áreas devem se instalar no local, sob coordenação da SOS do Bem NH, entidade ligada à causa animal, que em 2025 completa cinco anos de atuação. A presidente da Oscip, Elisa Ana Saul, recebeu as chaves do prédio das mãos do superintendente do Patrimônio Público da União (SPU) no Rio Grande do Sul, Emerson Rodrigues, e celebrou o que chamou de “um momento histórico” para Novo Hamburgo.

“Esse é um sonho construído com muito esforço coletivo. Aqui vai funcionar o Centro de Atendimento do Terceiro Setor. Além da sede da nossa entidade, vamos receber outras organizações que fazem um trabalho fantástico, mas estão praticamente desassistidas pelo poder público e não têm condições de ampliar suas ações”, afirmou Elisa.

Ela destaca que o processo de cessão tramitava havia cerca de dois anos junto à SPU. “Sabemos o quanto nossa cidade precisa de espaços de acolhimento, diálogo e promoção da dignidade, sem qualquer vínculo político ou religioso. Esse prédio, que estava abandonado, vai se tornar um ponto de transformação social. É um compromisso que assumimos com a cidade”, completou.

Embora tenha a lista das ONGs que devem se instalar no prédio, Elisa prefere aguardar a formalização das parcerias para, então, fazer a divulgação oficial.

Cessão garante segurança jurídica para investimentos

O chefe da área de destinação da SPU no RS, Carlos Leonardo Klein Barcelos, explicou que a assinatura do termo de guarda provisória, ato que ocorre nesta terça-feira junto com a entrega das chaves, é o primeiro passo, enquanto o processo de cessão definitiva segue em andamento.

Momento em que Elisa Saul, da SOS do Bem NH, assina termo de de guarda provisória e recebe chaves do superintendente do Patrimônio da União (SPU), Emerson Rodrigues; ato é acompanhado de perto pelo chefe da área de destinação da SPU no RS, Carlos Leonardo Klein Barcelos | abc+



Momento em que Elisa Saul, da SOS do Bem NH, assina termo de de guarda provisória e recebe chaves do superintendente do Patrimônio da União (SPU), Emerson Rodrigues; ato é acompanhado de perto pelo chefe da área de destinação da SPU no RS, Carlos Leonardo Klein Barcelos

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

“O projeto apresentado demonstra grande potencial de impacto social. Com isso, demos esse primeiro passo que concede à SOS do Bem o direito e também a responsabilidade de manter e adaptar o prédio para sua nova função”, disse Barcelos.

A cessão terá prazo inicial de dez anos, prorrogável por igual período, o que garante segurança jurídica e viabiliza investimentos de médio e longo prazo, tanto com recursos próprios quanto por meio de editais, parcerias e emendas parlamentares.

“O processo de cessão exige tempo, análise técnica e articulação com a unidade central em Brasília. É criterioso, pois trata-se de patrimônio público. Mas temos convicção de que esse prédio, que estava parado e gerando custos à União, agora será útil para quem mais precisa”, afirmou Rodrigues. “O exemplo da SOS do Bem aqui em Novo Hamburgo mostra exatamente o que queremos com esse tipo de política: que o povo se beneficie diretamente daquilo que é do povo”, completou.

Prefeitura tinha cessão, mas manteve local sem uso

A entrega do prédio foi acompanhada por voluntários da SOS do Bem NH e representantes de outras entidades que devem ocupar o espaço após a reforma. Apesar de estar estruturalmente em boas condições, o imóvel precisa de reparos devido ao tempo de abandono, com infiltrações e pequenos furtos registrados ao longo dos anos.

Até o ano passado, o prédio estava cedido à Prefeitura de Novo Hamburgo, que o manteve inativo. Com o vencimento do termo de cessão e a ausência de interesse em renová-lo, a Prefeitura abriu caminho para que a SOS do Bem NH assumisse a administração do imóvel.

O estacionamento nos fundos da edificação, que vinha sendo utilizado pela Guarda Municipal — cuja sede é ao lado —, também deverá ser desocupado. A notificação oficial foi feita nesta terça-feira (8) e foi acompanhada por agentes da Polícia Federal.

Guarda Municipal, que transformou pátio dos fundos em estacionamento, não poderá mais fazer uso do local | abc+



Guarda Municipal, que transformou pátio dos fundos em estacionamento, não poderá mais fazer uso do local

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Programa nacional viabiliza a cessão

Apesar do foco local, a cessão faz parte do programa nacional Imóvel da Gente, criado pelo governo federal em 2024. A proposta é dar uso social a imóveis públicos ociosos. “O presidente Lula disse algo muito simples e potente: se os imóveis da União não servem mais para os órgãos públicos, que sirvam ao povo. Isso virou uma política concreta. Em 2024, destinamos 650 imóveis em todo o Brasil. A meta para 2025 é dobrar esse número”, detalhou Rodrigues.

Momento em que chaveiro, acompanhado por agentes da Polícia Federal (PF), rompem cadeados e abrem portão principal do prédio público que estava abandonado há quatro anos | abc+



Momento em que chaveiro, acompanhado por agentes da Polícia Federal (PF), rompem cadeados e abrem portão principal do prédio público que estava abandonado há quatro anos

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Segundo ele, essa mudança só foi possível porque a SPU deixou de ser subordinada ao Ministério da Economia e passou a integrar o Ministério da Gestão e da Inovação. “Deixamos de olhar apenas a planilha. Passamos a considerar a função social e o impacto real. Com isso, as equipes trabalham hoje com um propósito muito mais amplo”, concluiu.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.